Não, a ideia deste artigo não é fatalista. Pode acontecer? Estamos sujeitos a leis e ao mercado, porém, não é de uma possibilidade que falamos neste texto. Mas se trata de responder “como melhorar meu negócio?”

Shiva
CC BY-SA 2.5 – Wikipedia/pt

Você já deve ter ouvido falar de Shiva, um deus hindu. Invocar esse ser supremo que destrói para criar o novo será muito útil. Ao estudar profundamente a deidade, vemos que não é o deus da Destruição, mas o deus da Transformação.

Que tal nos inspirar em Shiva para colocar seu negócio em perspectiva, anular paradigmas e transformar valores para que algo novo possa surgir?

Topa? Você não estará sozinho, pra você e muitos outros empreendedores gostaríamos de sugerir em letras garrafais:

Transforme seu negócio o mais rápido possível

A Hidra brasileira

Da invocação de um deus, vamos agora ao testemunho de um monstro que assola nosso país há séculos: a crise de gestão. Não é exclusividade nossa, porém, o Brasil é um dos poucos países que evita lidar com ela.

Vamos encarar os fatos: o Brasil não tem cultura de empreendimento, mas uma cultura extrativista onde o lugar comum desejado é girar uma engrenagem de diferenciais para alcançar os objetivos audaciosos.

Que tal testar essa teoria? Pense no seu negócio. O que você (o seu negócio) faz? Está na ponta da língua, certo? Agora responda essa: por quê você faz essa atividade? Escreva e analise como soou a resposta.

Isso de forma alguma quer dizer que o brasileiro não empreende. Nunca se pediram tantos CNPJs, são centenas de milhares por dia, mas o que trazemos é: se empreende com uma visão competitiva míope.

É duro admitir, mas assim são os monstros: nos fazem fechar os olhos.

As consequências: empreendimentos esvaziados de valores, sobrevivência da cultura de extrativismo, onde o foco excessivo em desempenho mitiga o olhar sobre novas oportunidades e, principalmente, mudanças no mercado.

Isso sem falar da politicagem no dia-a-dia, numa disputa de favorecimentos que deixam o trabalhar por um bem comum de lado. Vemos isso do meio privado até o público, de cima abaixo nas organizações.

Consequências nefastas

Em poucas palavras: os valores efêmeros de uma organização, do ponto de vista do Marketing, invalida a tentativa de diferenciação de um negócio se não propõe um valor coletivo genuíno aos clientes.

Ok, prometemos que o foco não seria fatalista e não vamos deixar os holofotes sobre o que atacamos, o que queremos combater. Façamos uma análise e convidamos você, gestor a nos acompanhar, mesmo que seja dolorido.

Um pouco de História

Vamos dar uma olhadinha no passado do Brasil para entender um pouco o modus operandi de hoje?

Temos a máxima na carta de Caminha: “em se plantando tudo dá”. Ali iniciou-se a crença que o Brasil é um repositório inesgotável de recursos. Diferente de outros países que tiveram guerras civis, desde sempre tivemos os mesmos grupos no poder, a proteger um tesouro “inesgotável”.

Pedras preciosas, ouro, madeira, açucar, café, cacau, mineração, petróleo. Recursos abundantes a serem extraídos indiscriminadamente, sempre um veio de renda polpuda, certo?

Bem, Ouro Preto manteve a riqueza em seu nome. A Costa do Cacau baiana também. Mas, como todo bem explorado indiscriminadamente, até agora, o único fato indelével são os ciclos efêmeros que findam por diversos motivos.

Nota alguma semelhança ao ver o brasileiro tentar empreender (em cosmos menores, obviamente)? A receita: ao reconhecer um veio se aposta todos os cartuchos nele, se segue a tendência de um investimento “certeiro”.

Das infinitas lojas de recarga de cartuchos, à explosão do marketing de rede ao food truck que seria a salvação na crise. São negócios ruins? Não. Mas como todo negócio merece planejamento, análise, domínio do segmento, timing e olhar atento à mudanças.

Quais são os porquês que movem seu negócio?

Aqueles empreendedores que atuam apenas para aproveitar o veio, “fazer dinheiro”, infelizmente, precisam da sorte para não ir de encontro ao título deste artigo.

Empreender porque “o Sr. X garantiu e ele não erra”, “saiu na revista”, “é tendência com longos anos de lucro”, “vai estourar”: são falácias vendidas todos os dias.

passou da hora de termos uma nova tendência: “empreenderei porque quero fazer a diferença”, “quero atuar no segmento como um dos melhores”, “meu serviço vai inovar, de verdade”, “quero criar pontes genuínas com minha atividade”.

Está na hora de empossar as respostas da pergunta deste tópico. Se você está à frente de uma ideia, de uma empresa, de uma organização, e não está satisfeito com os resultados, pare. Pare de fazer pelos motivos e/ou como está fazendo de uma vez por todas.

Como melhorar meu negócio
StockUnlimited

Perguntas estratégicas para empossar os porquês do seu negócio:

#1: Como eu ganho dinheiro no meu negócio?

#2: Por que os clientes escolhem a mim em detrimento aos concorrentes?

#3: A ponte que eu digo ao mercado que crio é a mesma que eu entrego?

E por que isso tudo é tão importante?

Em qualquer palestra, texto ou livro sobre Marketing Digital você ouvirá da diferença entre o antigo Marketing de Intromissão versus o novo Marketing de Permissão. Essa é uma sumidade, uma novidade grandiosa para muitos empreendedores.

Pois bem, saiba que esse tipo de Marketing já deveria ser considerado normal, não é de hoje que vivemos uma realidade em que os clientes pesquisam a fundo sobre nossas empresas e conhecem muito bem nossos produtos.

Quer um exemplo? A Friboi precisava ir além de falar sobre a qualidade dos produtos, pois isso é obviamente sua obrigação. Os registros a obrigam a ter padrões de qualidade. Como mostrar aos clientes que seu negócio vai além?

Criaram a Academia da Carne, com vasto conteúdo sobre como extrair o melhor da carne no seu preparo, com chancela de chefs renomados. Como fornecedora, ensina aos clientes como desempenhar sua adoração às carnes: querem clientes que comprem e agreguem valor, difundindo uma cultura que vai muito além do sal grosso.

Você não precisa investir milhares de dólares para atingir esse novo patamar de marketing. Aqui está o segredo: já evoluímos para um Marketing de identificação de valores.

Assim, a Friboi deixa claro que não apenas vende carne de qualidade, mas que vivem isso diariamente e querem que você domine a arte de trabalhar a carne para desfrutar com mais qualidade.

Muitas e muitas autoridades locais formadas na academia Friboi. Plano perfeito! Essa pode ser a porta de entrada para a venda de peças beneficiadas, em que se alimentaria um nicho que pede uma carne com inteligência já aplicada e não apenas a carne em si.

Com grandes poderes, porém…

Por outro lado, a empresa passa a ter mais responsabilidades. O mercado estará mais atento a envolvimento em fraudes, lotes com problemas, questões trabalhistas. Por quê? O mesmo mercado espera que se pratique uma administração condizente com a autoridade inspirada.

O que é dito terá de ser praticado: os valores deverão estar presentes no dia-a-dia, no rigor com fornecedores, cuidado com cada centímetro de patrimônio, contratação, benefício, memorando, fala de gerente, treinamento, contrato assinado, conceito publicitário, patrocínio, pronunciamento à mídia, adesivo no ponto de venda ou ação social.

Novamente, por exemplo, você não precisa de uma fundação para tratar o 3° setor na empresa, mas se quer passar uma imagem de quem se preocupa, é muito mais fácil se preocupar de verdade com a comunidade.

É viver o que o seu Marketing prega.

Um sonho

Será utopia sonhar com um cenário coletivo em que uma empresa cuida de mim como cliente, pois estando bem estarei consumindo, defendendo e divulgando seu ótimo produto sustentável que se importa com o mundo como eu?

Será utopia um banho de gestão nas organizações brasileiras de todos os tipos para prestação de serviços da melhor, mais completa, justa e irretocável forma possível?

Será utopia gestores com departamentos com foco em oportunidades, sanando naturalmente os gaps formados no dia-a-dia?

Será utopia organizações que conseguem repensar seu negócio periodicamente?

Será utopia viver o que o Marketing prega todos os dias, naturalmente?

Você! Digaí pra gente o que acha!

Fontes:

http://empresometro.cnc.org.br/Estatisticas

Brasil: o capitalismo extrativo e o grande salto para trás – James Petras

Inovação e espírito empreendedor – Peter Drucker

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