Todos cometem erros. Falamos demais, expomos nossos preconceitos, acusamos sem provas, entre várias falhas feitas diariamente. Saber reconhecer o erro e evoluir para deixá-lo no limbo é uma prática que todos nós deveríamos ter. Um indivíduo comum pode ser rude e destilar seu ódio sobre alguém e depois reconhecer seu erro e voltar atrás. Mas quando um formador de opinião, que carrega nos ombros uma massa que o admira e apoia, sobretudo, investe financeiramente sobre, ERRA, sem pedir desculpas em seguida, é um peso não apenas para ele mas para toda a sua equipe. É um efeito dominó.

Supomos que o vocalista de uma banda, cujo público-alvo são adolescente entre 15 e 18 anos, do sexo feminino, além da classe LGBT, solta um comentário homofóbico ou assedia uma repórter ou fãs. E demora dias para se retratar, ou mesmo não se retrata. A imprensa vai divulgando os atos e a negatividade vai subindo, fãs se “rebelam” nas mídias sociais, comentaristas, youtubers, colunistas e blogueiros vão reverberando e insultando aquela celebridade. E enquanto não é tomada uma posição, contratos podem ser desfeitos, shows podem ser cancelados, dificulta a produtora a realizar projetos e aumentar a agenda, as participações em programas de rádio, TV, sites e jornais são desfeitas e sua imagem vai caindo. Não afeta apenas a banda, mas todo o staff, assessor, produtor, empresário, área de eventos, financeiro, RH, limpeza, alimentação, enfim. Todo um grupo de trabalhadores acabam sofrendo com um gesto negativo por parte da pessoa pública.

Como o caso do MC Biel, cujo ato de assédio contra a repórter do IG  se massificou por toda internet e jornais, e a demora na resposta (um simples vídeo com ares de que as palavras ditadas pelo MC foram “escritas por outra pessoa”. Acabou que até hoje o caso é citado em todas as suas postagens, por falar nisso, a equipe de social media apagou as postagens e comentários de abril até junho da Fan Page, o que não deve ser feito.

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Aliás, o que poderia ser feito?

Na primeira publicação de um veículo de comunicação, colocar o assessorado à disposição para fazer um vídeo de desculpas, uma nota à imprensa e um vídeo direcionado à assediada, pedindo desculpas e solicitando a sua presença em uma apresentação e formalizar o pedido e se atentar para o combate ao assédio sexual. Trata-se de humildade e estratégia para amenizar o caso e mostrar a transformação de um jovem para um homem maduro. E não chegar a esse ponto, em que até o portal é “infectado”.

Um caso diferente é quando você é filho de um dos maiores formadores de opinião do Brasil e dono de um dos maiores canais de mídia. A situação aqui é duplamente pior: errou uma vez e pediu desculpas. O público desculpou. Errar novamente, no mesmo programa, mesmo horário e ainda nem sequer se retratar há mais de uma semana… é complicado.

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Tais afirmações não apenas mancham a imagem dela, como do programa que ela participa, da emissora que ela é contratada e de todos os seus fãs. E isso realizado duas vezes. Uma revisão de media training e a orientação de levar o programa no humor, na descontração, como o Snatch Game de “RuPaul Drag’s Race” e não levantar afirmações preconceituosas já seriam ótimas para recuperar o prestígio da participante.

O release “escudo”

Geralmente, em situações de crise, um assessor fica preparado para enviar um material de mídia que proteja seu assessorado e também o faça se desculpar por qualquer fala, comentário, afirmação ou ação que tenha feito ou de que esteja sendo acusado, sobretudo, uma estratégia que o faça passar por “defensor” da causa que ele está sendo intimado.

Uma nota repudiando tal fato, com explicações do próprio acusado, a demonstração de que está disponível para qualquer retratação e o abraço ao seu público e principalmente à comunidade que foi insultada, agredida ou ofendida, seja por palavras, ações ou mesmo um pedido de desculpas.

Como o Fábio de Melo, que recentemente pediu desculpas por fazer um comentário  retirando a culpa de um agressor, principalmente com mulheres. Com o vídeo vindo à tona nove anos depois, ele simplesmente se retratou “Peço perdão. Eu nunca pretendi dizer que a vítima é culpada. Apenas salientei que a não denúncia reforça o agressor”, afirmou.

Não suma

Desativar contas não ameniza ou apaga o ato cometido. Muito pelo contrário, apenas gera mais comentários negativos e com o embasamento de que o agressor “fugiu” ao invés de estabelecer um diálogo e encerrar a situação. A cantora evangélica Ana Paula Valadão declarou sua “santa indignação” a uma campanha publicitária, voltada para a cultura de gênero em suas roupas. Depois de alguns posts homofóbicos, machistas e algumas gafes, ao invés de se retratar e apaziguar os comentários, ela…deletou tudo.

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O problema maior não são os comentários de pessoas que se sentiram ofendidas, mas sim, a diminuição da divulgação dos seus shows, da base de fãs, que acabam de perder seus canais de mídias que ajudavam a divulgá-la, a dificultar patrocínios, devido ao forte argumento da sua audiência e de anúncios de shows e apresentações. Um dano maior para ela.

Um último case e talvez o mais fácil de reconhecer é o caso da Cruz Vermelha, que produziu um cartaz explicando procedimentos corretos e incorretos de crianças usarem uma piscina. O problema foi que apenas as situações erradas eram ilustradas por negros e as corretas por brancos. Rapidamente, a entidade lançou uma nota pedindo desculpas e se colocando contra a discriminação racial e o objetivo de sua existência:

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“Lamentamos profundamente e pedimos desculpas por qualquer mal-entendido, e absolutamente não era nossa intenção ofender ninguém. Como uma das maiores e mais antigas organizações humanitárias do mundo, estamos comprometidos com a diversidade e inclusão em tudo o que fazemos, todos os dias”, diz a nota.

 

Via Brasil Post.

Errar não é o problema. Não assumir que errou e não pedir desculpas que é.

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