O Porto Digital, rede de empresas de tecnologia do Recife, se prepara para lançar o primeiro laboratório aberto e gratuito de inovação focado em Internet das Coisas. Batizado de Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co), o local será um ambiente para experimentação, desenvolvimento, prototipagem e teste de produtos e soluções voltadas, principalmente, para o aumento do bem-estar das populações de grandes cidades.
A ideia é que profissionais e empresas de diferentes áreas utilizem o espaço e os equipamentos para trabalharem em seus projetos e colaborarem um com os outros. O L.O.U.Co vai iniciar as atividades em março de 2016 e vai funcionar dentro do Porto Mídia com uma área de 120 metros quadrados. Duas expansões já estão previstas para o próximo ano e, no ínicio de 2017, a estrutura deverá contar com pouco mais de 200 metros quadrados.
Quais atividades serão desenvolvidas no L.O.U.Co?
De tudo um pouco. Mas sempre dentro o objetivo maior de promover melhorias urbanas e ter a Internet das Coisas como base para as soluções. Segundo a comunicação do Porto Digital, algumas das ações serão:
- Promoção de hackathons e makertons usando tecnologias da internet das coisas
- Utilização da internet das coisas para endereçar temas como bem-estar, saúde, esportes, preservação do meio-ambiente, transporte, mobilidade, cultura, entretenimento e urbanismo
- Desenvolvimento e incubação de startups dedicadas à internet das coisas
- Promoção de workshops sobre os temas relacionados
- Estabelecimento de parcerias com empresas desenvolvedoras de tecnologias e soluções de internet das coisas interessadas em resolver problemas urbanos
- Atração de empresas interessadas em desenvolver soluções e tecnologias voltadas à internet das coisas
Quais equipamentos estarão disponíveis no L.O.U.Co?
Jacques Barcia, consultor de tendências e informação do Porto Digital e responsável pelo L.O.U.Co, conta que uma série de equipamentos e acessórios de última linha estão à disposição dos usuários do laboratório para a criação de objetos conectados.
Entre eles, diferentes tipo de sensores, kits de robótica, placas de circuitos, placas de robótica, arduinos, raspberry pis, GPS, acelerômetros, atuadores, sensores de calor e gás, roupas conectadas, controladores e equipamentos para prototipar como impressoras 3D, impressoras de placas de circuito, cortadoras laser e workstations. Será um verdadeiro parque de diversões para apaixonados por tecnologia e por colocar a mão na massa.
Quem poderá utilizar as instalações?
Para quem já ficou com vontade, é bom saber quem serão os profissionais e instituições convidadas a utilizar o espaço. Sim, haverá uma seleção, mas o laboratório deverá acolher muitas ideias. Segundo Barcia, o L.O.U.Co é um “laboratório aberto, mas com algumas regras”. Inicialmente, quatro grupos de pessoas serão convidadas a ulitizar as instalações.
- Iniciativas escolhidas por meio de desafios temáticos.
Periodicamente, o L.O.U.Co vai abrir chamadas específicas para projetos de Internet das Coisas que lidem com problemas urbanos, como, por exemplo, a poluição dos rios.
- Empresas embarcadas no Porto Digital
Empresas embarcadas no Porto Digital estão “automaticamente” listadas como usuárias do laboratório. As portas estarão abertas, claro, para empresas que estiverem trabalhando em soluções para a cidade.
- Empresas de fora do Porto Digital, urbanistas, estudantes, o qualquer grupo de pessoas que estejam realizando projetos no qual a Internet das Coisas pode solucionar problemas urbanos.
Nestes casos, basta que os interessados submetam o projeto para avaliação da equipe do L.O.U.Co.
Durante a disciplina apelidada de “projetão”, os alunos do CIn têm que desenvolver um projeto para um software e o modelo de negócio para a ferramenta. Barcia explica que o L.O.U.Co vai fazer contato com estes estudantes para levar o projeto para o laboratório. “Se eles toparem desenvolver uma ideia que solucione um problema da cidade, poderão entrar no L.O.U.Co e usar toda a nossa estrutura”.
Além de poder fazer uso do espaço e dos equipamentos do laboratório, em alguns casos, as iniciativas selecionadas pelo L.O.U.Co receberão subsídios para serem realizadas.
Segundo Barcia, já há empresas de hardware, de comunicação e de telefonia interessadas em desenvolver projetos nas instalações do laboratório e a iniciativa já estã avaliando formas de captar recursos para mover essas ideias a diante.
Rede de fazedores e inovadores
A ideia é que os projetos desenvolvidos dentro do laboratório possam dialogar com outras iniciativas, conta Barcia. “O que o Porto Digital está criando é uma rede de makers, que se integra, por exemplo, com o Armazém da Criatividade em Caruaru. Estamos no coração do Porto Digital, a rede vai contar com parceiros como o Fab Lab e redes internacionais de makers.
Porque Internet das Coisas?
A ideia de investir em um laboratório para projetos de Internet das Coisas veio da percepção de que o futuro da tecnologia está inegavelmente ligado à esta área. “Os números variam, mas a estatística é que, em 2020, teremos entre 40 e 200 bilhões de novos objetos conectados à internet.
E não estamos falando de smartphones, estamos falando de portas, óculos, poste, carro. É muito cedo e muito urgente”, explica Barcia. “Percebemos a necessidade de uma ação estruturada sobre este tema. O futuro do mercado de tecnologia está na Internet das Coisas. Sob a pena de ficarmos para trás, identificamos a janela de oportunidade para o investimento submetemos o projeto”. Desta forma, o L.O.U.Co se encaixa bem na missão no Porto Digital, que é a de fortalecer economicamente o setor de tecnologia e fazer isso ao mesmo tempo que viabiliza ações de impacto urbano.
Wearables são soluções conhecidas de Internet das Coisas, mas tem mais!
No ramo dos objetos conectados, um dos mais próximos do usuário atualmente (e literalmente) são os wearables. São bons exemplos disso, as “fitness bands”, pulserinhas que medem a atividades física, o ritmo cardíaco e a qualidade do sono do indivíduo. A união entre a tecnologia destes wearables e a área de saúde é bastante promissora, talvez até uma das mais proeminentes dentro do setor de Internet das Coisas.
“A saúde conectada é uma das grandes contribuições da Internet das Coisas” diz Barcia. “Quinze porcento dos americanos já levam para os seus médicos as informações produzidas por wearables e aparelhos conectados. Isso é o início do fim do consultório como a gente conhece”.
Mas não é só. Outras áreas também têm um potencial enorme de serem transformadas para melhor com o uso de objetos conectados. Barcia cita exemplos como iniciativas para melhorar o uso de recursos naturais. “O desperdício de água pode ser medido com sensores nas tubulações. Sensores, que custam apenas centavos, e uma plaquinha, que no total custaria apenas alguns reais, detectariam a diferença de pressão na tubulação, indicando vazamentos.
Os gestores teriam essa informação imediatamente em uma central de controle. Já há uma startup trabalhando com uma ideia semelhante, mas voltada para o uso racional da energia elétrica. Com a crise hídrica que o Brasil enfrenta atualmente, essas soluções tornam-se extremamente importantes, não apenas localmente, mas em todo o país”.
Outra boa notícia é que, embora o laboratório esteja sendo montado no Recife, as soluções são, segundo o responsável pelo L.O.U.Co, “totalmente importáveis”. Ele diz que a cidade foi escolhida como eixo para as soluções que serão apoiadas, mas que os problemas das grandes metrópolis são semelhantes, como questões de mobilidade e poluição. “A solução desenvolvida para o Recife pode ser a solução para um problema em Berlim”.
Quais problemas vocês acham que a Internet das Coisas podem resolver?
Digaí nos comentários! 🙂