Diante da velocidade da informação, o absurdo e bizarro ganham cada vez mais destaque, principalmente entre os leitores incautos que não costumam checar as fontes. Hilários, criativos, sarcásticos, os posts bem humorados do Diário Pernambucano fazem o maior sucesso nas redes sociais. Só no Facebook, ele já soma mais de 32 mil curtidores e, a cada dia, ganha destaque impulsionado pela onda (quase viciante) de compartilhamentos instantâneos. Segundo a apresentação, “a única missão do Diário Pernambucano é apresentar verdades incômodas com mentiras convenientes”.
Em uma breve entrevista, o lado sério dos responsáveis pelo Diário Pernambucano e a visão e reação dos que produzem as divertidas notícias fakes. Acompanhem!
Digaí – Como os compartilhamentos são vistos pelos autores dos textos?
Diário Pernambucano – Nunca como desinformação ou desonestidade. Nunca mentira, sempre a verossimilhança. Trata-se de uma maneira oblíqua, uma forma alternativa de investigar e expor a falta de verdade numa versão oficial oriunda dos veículos da grande mídia, ou seja, da imprensa oficial. Assumimos a roupagem de uma mídia ‘oficiosa’. Não somos um site que produz somente mentiras. Trabalhamos com verdades incômodas e com mentiras convenientes. Hiperrealismo, quiçá. A mentira a serviço da verdade?
Digaí – Vocês ainda se surpreendem com as reações?
Diário Pernambucano – Sempre. Daqueles que caem inocentemente e daqueles que sabem que a notícia é falsa, mas entendem o que a crítica visa atingir.
Digaí – Como avaliam os discursos inflamados dos leitores?
Diário Pernambucano – Naturalmente. Há várias formas de ignorância. Quando o cidadão nos critica veementemente sem entender o objetivo central, nós relevamos uma vez que a maioria das pessoas não é acostumada a checar a fonte antes de comentar ou repassar. Quando a reação é enérgica – porém crítica -, aceitamos de bom grado. Ou, dependendo de quem responde, a moeda de troca pode ser a ironia.
Digaí – Qual o caso mais absurdo publicado e, qual foi a reação do leitor?
Diário Pernambucano – No caso da Suzane Richthofen, um jornal sério nos replicou, foi criticado e logo após soltou uma errata ridiculamente cômica justificando o engano.
Digaí – Quais o integrantes (nomes, idades, formações, atribuição no site)?
Diário Pernambucano – Não é difícil de encontrar. Não nos escondemos.
Digaí – Uma curiosidade: Já sofreram algum processo? Qual (ou quais) e por quê?
Diário Pernambucano – Ameaças existem muitas. Mas, uma vez que operamos com fino trato, raramente caluniamos, injuriamos ou difamamos alguém. Assim, o máximo que acontece é apagarmos amistosamente ou editarmos o texto a contento de quem se ofendeu. Sem frescura, é só pedir que removemos.
Digaí – Finalizando, um breve histórico do site (como iniciou? quando? criador?)
Diário Pernambucano – Heráclito Veras, em uma iluminura ociosa de um sábado à tarde do ano de 2010, teve o insight de criar um site de notícias falsiês (fake) que pudesse se tornar um polinizador bem humorado de críticas, sátiras, trocadilhos e questionamentos cuja linguagem beirasse o jornalismo. Um jornalismo cretino, de fato. Por vezes gonzo, por vezes trash. Acreditamos que a maneira mais fácil de injetar uma crítica é através do humor (ou do mau humor). Comédia não! Logo, produzimos o verossimilhante, “o bom demais pra ser verdade”.