Percebemos que os jovens atuais são mais práticos do que teóricos, ou seja, preferem aprender no dia a dia ao invés de ter um embasamento literário antes de executar as atividades. Um exemplo bem simples disso é o uso de um aparelho celular novo. Afinal, quem realmente lê o manual do objeto antes de começar a usá-lo? A maioria das pessoas prefere perguntar aos amigos que já possuem um aparelho igual ou parecido “O que fazer para esta função?”.
Assim, isso nos faz entender que a geração Y é imediatista, devido ao fato também de já crescer num mundo mais conectado – pela internet – e com rápidos avanços tecnológicos. Ela quer, e me incluo nisso, fazer o que gosta – profissionalmente inclusive – e, através do seu trabalho, deixar a sua marca no mundo. No ambiente universitário, as coisas se tornam mais palpáveis e começam a tomar forma, de um modo que muitos sequer imaginariam chegar tão longe, em tão pouco tempo de estudo e experiência. Com apenas 20 anos de idade, por exemplo, um universitário pode ser Diretor de Marketing de uma Organização global formada por jovens universitários.
No Brasil, movimentos orientados a alimentar o espírito empreendedor (já falamos aqui no DIGAÍ sobre o que é empreendedorismo e startups, se não viu aproveita e lê e se já leu, fique à vontade para reler, é só clicar aqui) na busca por melhorias da sociedade e voltados ao desenvolvimento pessoal e profissional do estudante são mais fortes do que se imagina e bastante expressivos em relação aos outros países do mundo. Sim! Eu me refiro, em alguns exemplos, à AIESEC in Brazil – que faz parte da maior Organização gerida por universitários do mundo, segundo a UNESCO – e à Brasil Júnior – Confederação Brasileira de Empresas Juniores – ambas reconhecidas pela sua atuação, como uma das melhores do mundo em seus respectivos segmentos. A AIESEC promove intercâmbios e a Brasil Júnior coordena empresas que prestam consultoria para pequenas e médias empresas, em sua maioria, além de promoverem outras potencialidades.
Então, chegamos a uma questão interessante: Se o jovem está mais engajado com propostas de desenvolvimento pessoal e profissional, ele também está mais orientado e preparado para abrir a própria empresa e deixar a sua “marca no mundo”, certo? Acredito que sim, pois podemos citar dois bons exemplos vindos da cidade do Recife, no estado de Pernambuco, que mostram exatamente o típico perfil do novo jovem brasileiro: engajado em causas sociais, responsável ambientalmente, com visão global, empreendedor.
O CITi (Centro Integrado de Tecnologia da Informação – Empresa Júnior pernambucana, constituída por graduandos dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia da Computação e Sistemas de Informação da UFPE) possui um projeto chamado de “CITi Partner”, que constitui-se em uma iniciativa para ajudar startups locais a serem absorvidas pelas incubadoras ou, simplesmente, as ajuda a evoluir no mercado. Chegamos a falar sobre as aceleradoras no texto passado, lembra?
Até chegar às incubadoras, muitas ideias ou times empreendedores não se concretizam, seja por não conseguirem uma validação inicial, ou também por não possuírem um bom gerenciamento para realizar o Minimum Viable Product (MVP), em português “Mínimo Produto Viável”, dentre outros fatores. Este MVP é um conceito no universo startup que diz, basicamente, que o seu produto inicial não precisa estar totalmente pronto para ser inserido no mercado consumidor. Definir algumas funcionalidades básicas e liberá-las ao público permite aprender o que os clientes valorizam e, a partir daí, ir adaptando o produto. Ao ingressarem no Programa CITi Partner, as startups passam a ter acompanhamento de algum estudante voluntário da empresa júnior. “A ideia do programa é ser uma pré-incubadora. É recepcionar pessoas com ideias – nos mais diferentes níveis de maturação- e trabalhar num ciclo de seis meses, com base nas suas dificuldades apresentadas, completamente de graça”, comenta Robertson Novelino – Diretor de Projetos no CITi.
Outro caso bem interessante de jovens envolvidos com startup vem dos antigos voluntários da AIESEC em Recife. Gabriel Melo, Liliam Balbino, Clenio de Aquino e Renata Xavier foram diretores dessa Organização em 2011 e possuíam em comum o sonho de abrir a própria empresa. A Yuppie Produções surgiu através da ideia de se realizar uma festa. Mas, após vários brainstormings, eles estenderam o conceito inicial e decidiram fundar uma produtora cultural, devido à escassez de programas culturais em Recife para específicos públicos da cidade. “Yuppie” significa Young Urban Professional e, nos Estados Unidos, diz respeito aos jovens empreendedores de classe média.
“A AIESEC foi essencial para a fundação da YUPPIE. Afinal, ampliamos nosso networking e, principalmente, tivemos a primeira experiência em gestão. O fomento à liderança, o contato com ferramentas de planejamento, tudo o que vivemos foi crucial para a abertura da YUPPIE. A AIESEC foi uma verdadeira incubadora”, afirma Gabriel Melo – sócio-fundador da empresa.
Finalmente, podemos perceber que o espírito irrequieto dos jovens “Y” já está movimentando a lógica do mercado e através das startups encontram um modo de alcançar o crescimento e desenvolvimento profissional.