O que podemos aprender com o caso do boneco do Fofão, o Fofinho? Neste artigo vamos extrair 04 lições práticas de negócios sobre como lidar com as crises e inconveniências dos boatos, aquelas pequenas ou grandes histórias sobre seu produto, seu negócio ou até mesmo sobre sua reputação como profissional. Será que é possível tirar vantagem de uma situação como essa, que tem tudo para ser ruim?
O CASO DO BONECO DO FOFÃO
Um breve resumo para explanar essa história: o Fofão era personagem de um programa de tevê, o Balão Mágico, e acabou ganhando seu próprio programa, o TV Fofão. Ele vinha de outro planeta e, como você deve imaginar, se comportava de uma maneira bastante fofa. Muito carismático, o Fofão ganhou diversos produtos voltados para o público infantil, dentre eles, o boneco Fofinho, versão reduzida do querido Fofão.
Por ironia do destino, nessa mesma época foi lançado um filme de suspense americano chamado “Brinquedo Assassino”, no qual um boneco com uma roupa EXTREMAMENTE parecida com a do Fofinho ganha vida e mata pessoas. Um azar, certo?
E tudo não passaria simplesmente de um azar se os responsáveis pelo boneco tivessem agido em algum sentido para conter os boatos que começaram a surgir sobre o “Fofinho assassino”. Adagas escondidas no boneco, rituais de magia negra e outros causos se espalharam rapidamente, promovendo um verdadeiro massacre de bonecos Fofinho por todo o País.
No ano seguinte, o programa do Fofão foi cancelado pela emissora e a carreira de Orival Pessini como Fofão caiu no ostracismo. Um negócio promissor, de grande projeção nacional, derrubado por conta de um boato… Você ainda acha que é besteira? E agora, o que nós ainda podemos aprender com essa história?
QUEM MATOU O BONECO FOFINHO?
Boatos são impossíveis de se prever, mas não de se controlar. Eles se enquadram em uma matéria do marketing chamada de Gestão de Crises: quando eles aparecem, é preciso gerir a situação. Gerir, comandar, coordenar esforços, agir. É preciso tomar alguma atitude para não deixar o boato comprometer a estabilidade do seu negócio. Foi exatamente o que não fizeram com o pobre Fofinho. E deu no que deu…
Aprendendo com os erros, vamos partir então para os acertos. Como agir no sentido de conter os boatos que estão comprometendo a imagem de seu produto, negócio ou carreira? O que fazer para não cair nessa mesma desgraça do boneco do Fofão?
COMO CONTER OS BOATOS – 04 LIÇÕES PRÁTICAS DE NEGÓCIOS
Sem dúvida nenhuma, informação é a melhor solução. Promover a informação, desmentindo a história propagada, é o ponto central da luta contra o boato. Mas a informação sozinha não basta, pois é preciso que ela chegue ao conhecimento do seu público, de maneira tão penetrada quanto o boato. E é exatamente nisso que se concentram nossas 04 lições práticas de negócios.
Lição #1- Ter um canal de contato viável
Seu público vai querer procurar a sua versão dos fatos (ou pelo menos uma parte dele vai). Quais serão suas opções?
Não adianta, por exemplo, você emitir uma nota no jornal, se seu público não lê jornal. É disso que trata a escolha do canal de contato do seu negócio: seu público entrará em contato com a informação? Ele se sentirá à vontade para lhe procurar e tirar dúvidas?
Algumas empresas mantém um SAC pelo telefone, outras por e-mail. A escolha desse canal deve ser feita pensando no seu consumidor, e não apenas no que é “viável” para a sua empresa – principalmente se considerarmos que manter o público informado pela empresa é bastante viável.
Será que, num período de crise, não vale a pena contratar um atendimento via Whatsapp? Ou enviar um representante aos programas de tevê e rádio? Pense como seu público pensa. Ao quê, ou a quem, ele dá mais atenção e autoridade? Descubra e use isso para desmentir o boato!
Lição #2- Usar uma linguagem acessível
Imagine um engenheiro de produtos explicando sobre o processo de fabricação do Fofinho. Você acha que a maioria dos brasileiros iria entender ou, ao menos, se interessar pela explicação? Depende de como ele se expressar, certo? Esse é outro ponto importantíssimo ao tentar se eliminar uma história ruim sobre seu negócio: ser claro ao transmitir sua informação.
O que seu público menos precisa nesse momento é de informações desencontradas. O dito pelo não dito, o “eu entendi isso”… Seja claro, use uma linguagem que seu público compreenda e se interesse. Quanto mais sucesso você tiver nesta etapa, maiores suas chances de destruir a falsa história e dar a volta por cima.
Lição #3- Repetir quantas vezes forem necessárias
Você já fez de tudo e mesmo assim continuam espalhando as histórias negativas? Isso quer dizer que você não fez de tudo. Se você deseja mesmo salvar a reputação do seu negócio, é preciso repetir, quantas vezes forem necessárias, que a informação falsa é falsa e que a verdadeira é a verdadeira.
Um post no Facebook não foi suficiente? Tente uma explicação em vídeo para o Youtube. Você também pode fazer um infográfico, realizar entrevistas com especialistas, recomendar leituras em veículos consolidados, realizar demonstrações em público, promover um evento de conscientização… Suas opções são infinitas. Qual seria a mais
eficiente, no seu caso?
Lição #4- Preocupar-se com o que seu público está pensando
Algumas empresas, como a responsável pelo Fofinho, não insistem no combate ao boato. Agem como se ele fosse simplesmente passar, como um temporal, que faz seus estragos, mas sempre mantém tudo de pé. Assim como um temporal, os boatos podem
evoluir, ficar mais fortes e acabar marcando seu negócio para sempre.
Não dar importância para o que o público pensa é agir como se sua empresa não precisasse de um público. Manter o foco no consumidor comprovadamente é uma estratégia capaz de alavancar um negócio, ou, do contrário, levá-lo à destruição. Por isso, deixar seu público pensar o que bem entender é quase como um suicídio do seu negócio ou carreira profissional.
O IMPORTANTE É O QUE FICA
O mais interessante dessa história é que ela também pode ter um lado bom. Pense bem: quanta visibilidade ganhou o Fofão por conta do boato do boneco? Eu, por exemplo, nem era nascida nessa época, mas hoje estou aqui recontando o que tanto ouvi durante toda a minha infância.
E se essa história tivesse sido devidamente esclarecida? E se o Fofão reafirmasse seu compromisso com a infância e reconquistasse a confiança das mães? Quanta coisa poderia ter sido diferente? Quanta coisa poderia ter sido feita? Eu acredito que bastante. E você? 🙂