Eu sei que é polêmico contar dessa forma, mas você precisava saber. O público-alvo morreu. E já faz um tempo. Tem sido difícil para alguns aceitarem e não é de bom tom comentar… Mas alguém precisava fazer isso. Então, se você quer mesmo seguir adiante, apesar dos pesares, siga em frente com esta leitura. Acho que vai fazer bem a você.
Sobre o morto
Nos Estados Unidos, ele é conhecido simplesmente por “target” (alvo). Em linhas gerais, “público-alvo” quer dizer um conjunto de pessoas com características semelhantes e que, por isso, podem se comportar no mercado de maneira semelhante. O conceito de público-alvo ainda é bastante popular em contextos que envolvam negócios, marketing e comunicação, no Brasil e no mundo. Ele serve para delimitar para quais pessoas as marcas vão dirigir sua comunicação.
Causa da morte
Inbound Marketing.
Para quem não sabe, esse é o modelo atual de marketing utilizado na web, baseado em produção e compartilhamento de conteúdo para ser consumido on-line.
Você pode ler mais sobre Inbound Marketing clicando aqui.
Esse é um modelo que utiliza o conteúdo como “isca”, para atrair as pessoas para uma determinada página, seja blog, fanpage, site institucional ou o que for. Na teoria, ele funciona como na representação abaixo:
A proposta do Inbound é simular uma parceria: eu lhe ofereço informações interessantes e, satisfeito e confiante, você dará a preferência de compra sempre a mim. “Ah, mas o Inbound é um jeito legal fazer negócios na internet, por que ele mataria o público-alvo?” Pois é, não foi intencional. E o motivo merece até um tópico próprio.
Motivação do crime
A acusação é de Branding. Ou Gestão de Marca, em português. Branding é o esforço de construir e manter uma marca forte no mercado, de maneira que ela passe a valer muito mais do que seus próprios produtos ou serviços oferecidos. (É o que faz a Coca-cola valer mais que uma Coca-cola, por exemplo).
Através de estratégias de relacionamento e manutenção de confiança – ações de branding – uma marca consegue alcançar um status de quase humanidade: a marca fala, pensa, participa de eventos, faz amizades, trabalha, estuda e compartilha sua rotina nas redes sociais. ~É gente como a gente!~
E assim como nós, para ter aceitação social, a marca precisa ter consistência em suas ações. Se ela se diz jovem, por exemplo, ela tem que se expressar como um jovem, viver a rotina de um jovem, sentir as dificuldades que um jovem sente, ter suas mesmas dúvidas e anseios e por aí vai…
Não é fácil, mas parece dar certo. As marcas mais valiosas de hoje estão fazendo isso e conseguem atrair exatamente o consumidor que desejam. Mas você ainda não entendeu como o branding pode ter sido o motivo da morte do público-alvo, certo?
Se a marca é gente como a gente…
Ela não “mira” em seus amigos ou seguidores, ela simplesmente os atrai por ser o que é. Ninguém é feliz num relacionamento por interesse, e isso não é diferente com as marcas. Na época do Inbound Marketing, as marcas não miram em “alvos”, com os quais vão se relacionar. Mas, sim, oferecem uma proposta de valor, que irá atrair as pessoas com os mesmos gostos, atitudes, propósitos, interesses e por aí vai… Hoje elas são como ímãs.
Público-ímã
É por isso que hoje faz mais sentido falar em público-ímã, ou algo nesse sentido. Os consumidores não são alvos com miras em suas testas. Eles foram empoderados pela internet, conquistando voz e atenção personalizada. A proposta de valor da marca, e suas ações coerentes, são o que atraem as pessoas, sempre em busca de relacionamentos de confiança em suas vidas.
É, o jogo virou. Hoje o público busca as marcas que oferecem o que ele está procurando, pois a variedade é imensa e permite isso. Quem não aprende a lidar com as novas demandas dos consumidores simplesmente fica para trás. Assim como o conceito de público-alvo, insistindo em tratar as pessoas como elas estão implorando para não serem mais tratadas. “Amiga, pare, tá feio”.
O público cresceu?
Talvez essa seja uma boa maneira de encarar os fatos. O público-alvo foi aquele momento do mercado em que as pessoas foram ensinadas a utilizar os produtos, a comprar, a conservar, e tudo era ouvido e cumprido muito atentamente.
Hoje o público-ímã é uma versão mais crescidinha, que não aceita qualquer informação. Ele conversa entre si, troca experiências e opiniões, se relaciona com as marcas de acordo com seus valores… Já essas devem existir para nos ajudar a conquistar a vida que desejamos ter. Mas se não pensarem como nós, fica um sinto muito. Vamos encontrar outra que pense.