Pra começar, “Muito Mais que 5inco Minutos”, o primeiro livro de uma das YouTubers mais bem pagas do país, Kéfera Buchmann, 22 aninhos, não tem nada a ver com marketing digital. Ai, ai, ai… Já tô até imaginando a cara de indignação do meu chefe, dizendo que se não tem nada a ver com marketing digital, por que diabos eu resolvi escrever sobre ele? Calma, Felipe! Antes de me dar um belo pé na bunda, sugiro que você – e esse público seleto do Digaí – deem um voto de confiança a este post, pois ele tem muito a ver com o tipo de conteúdo que anda sendo consumido, sem moderação, especialmente no YouTube. Bora?
Com quem dialoga Kéfera?
Bom, se você, caro leitor ou leitora, não faz parte do público-alvo da garota (a saber: adolescentes e seus hormônios em fúria), evite investir seu precioso tempo com essa obra. Diferentemente do livro de outro YouTuber famoso, Felipe Neto, o de Kéfera restringe-se a temas triviais da curta biografia da garota, que vão desde o primeiro dia na escola, paixões platônicas, brigas com a balança, chapinhas, bullying até arranca-rabo com a mommy (que assina o prefácio, quanta fofura!!). Nem uma linha sobre a estratégia bem sucedida dessa jovem que conseguiu alcançar a marca de mais de 5 milhões de usuários inscritos no seu canal 5inco Minutos do YouTube.
Então, já posso fechar este artigo?
Não, mil vezes não! Olha só que curioso: achei o livro tão ruim, mas tão ruim, que fiquei me perguntando como uma típica teen, sem nada para dizer, é capaz de fazer tanto sucesso, repercutindo até um arroto em todas as mídias sociais. São Google estava lá para me ajudar a desbravar o inóspito território do conteúdo medíocre que bomba na rede. Acabei me deparando com Rebecca Black e o hit mais odiado – e visualizado – de todos os tempos: “Friday”. Resisti até o primeiro loop… O legal é que, conforme o refrão “It’s Friday, Friday…” transformava meu cérebro em suco de uva, comecei a compreender um pouco mais o rebuliço causado por celebridades instantâneas como Kéfera Buchmann.
Quanto mais original, melhor!
Sim. Descobri que, em se tratando de YouTube, o que importa é a originalidade, por mais patético que seja o conteúdo dos vídeos. Aparentemente, o encantamento de Kéfera vem do fato de ela expor, sem filtros, seu cotidiano de dilemas que falam de perto ao público-alvo do canal. Amigas “falsianes”, saudades da mãe, peraltices do cãozinho de estimação, look arrasador do boyfriend… Na formatação do conteúdo, Kéfera adota técnicas de interpretação, recorrendo à contraditória persona da patricinha desbocada (um dos vídeos mais acessados do canal “5inco Minutos” tem o título singelo de “Meu c* me decepciona”). E não é que o papel serviu para ela? Pelo menos é o que comprovam os números e o tsunami de comentários.
Cenas do próximo capítulo do fabuloso destino de Kéfera
E será que ainda veremos um livro só sobre os bastidores e a história do canal 5inco Minutos? (SPOILER) Ela promete que sim. Mas, sinceramente? Eu acredito que não. Kéfera já demonstrou, talvez por sua pouca idade, que seu principal objetivo ao pegar carona na promissora onda de produção de vídeos para internet é mesmo a sua própria vedetização. Vítima de bullying na escola, hoje ela se demonstra deslumbrada com a adoração do público, inclusive de haters, para os quais ela faz questão de mostrar o dedo médio sempre que pode. Kéfera Buchmann é a Kim Kardashian brasileira que empresários do ramo do marketing digital pediram a Deus para estourar os dividendos. E daí se, no final das contas, é tudo pura encenação?
Alô você, que chegou ao fim desse post, ainda tem a intenção de ler sobre as desventuras de Kéfera no colégio? Depois conta pra nós o que achou!
Ou não.