Você já deve ter percebido que as pessoas reagem de maneiras diferentes quanto às novidades que surgem no mercado. Um exemplo recente foi o lançamento do Iphone 6: algumas pessoas dormiram nas filas para serem as primeiras a adquirirem o produto. Enquanto que outras são mais resistentes às mudanças, como as que acham o máximo ouvir discos de vinil, por exemplo (nada contra).
Uma das maneiras de entender essas diferenças é interpretando o processo de adoção de ideias nas sociedades. Neste artigo, você entenderá o modelo proposto por Seth Godin, que se adapta perfeitamente ao processo de adoção de novos produtos pelos consumidores. Através dele, podemos desvendar como encontrar o público ideal para um produto, de acordo com seu grau de abertura às novas ideias de consumo, e não errar mais em seu posicionamento no mercado.
O QUE DIZ ESSE MODELO DE ADOÇÃO DAS IDEIAS
Segundo o modelo proposto por Seth Godin, o processo de adoção de novas ideias passa por até 6 etapas, iniciando na “fronteira” e finalizando no “sempre aceito”, como mostra a representação abaixo:
Cada uma dessas camadas representa um grupo de pessoas, de acordo com seu grau de abertura para uma determinada nova ideia.
1- Fringe
O processo se inicia na “fronteira” (fringe), por onde as ideias penetram na sociedade. As pessoas que estão neste grupo são as mais abertas a uma determinada nova ideia (esclarecendo que estes grupos variam de ideia para ideia). Por exemplo, algumas pessoas aceitam a ideia de andarem nuas em público, mas elas ainda são a “fronteira” dessa ideia, pois é um grupo muito restrito de pessoas que a aceitam, é uma ideia amplamente condenada (Apesar de que algumas pessoas já se arriscaram andando nuas em público, o que nos leva à próxima faixa).
2- Risky
O segundo grupo das pessoas a adotarem a nova ideia acham os “de fronteiras” uns loucos… até considerarem a ideia como viável. São pessoas que querem correr o risco de experimentarem uma nova ideia (ou produto), dentro de uma margem mínima de segurança, afinal, eles não são loucos ou cobaias… são aventureiros.
3- New
As pessoas que se encontram no grupo do “novo” se atraem por tudo o que é novo, desde que não seja mais arriscado. Elas gostam da exclusividade de estarem entre as primeiras, de lançarem tendências, e se sentem atraídas por ideias novas, desde que não represente mais riscos à sua imagem ou integridade.
4- Hot
Para chegar aqui, a ideia (ou produto) já foi testada pela gente da vanguarda. “Se eles estão usando é porque é uma boa”, é o que pensam as pessoas desse grupo. É o início de sua popularização.
5- Mass
Quem está nesse grupo consome o que os outros estão consumindo. A influência do grupo é definidora. Aqui a ideia ou o produto é “um sucesso de público”!
6- Always
O último e maior grupo é aquele que menos entrou em contato com a ideia ou produto em questão, por uma razão ou por outra. Mas existe o momento em que a massa começa a pressionar essa camada para que ela também aceite a novidade “como o certo a se fazer”. Podemos observar esse fenômeno nas instituições públicas, que costumam serem as últimas a adotarem uma tecnologia, fazendo-o apenas quando isso parecer “o mais certo e seguro a se fazer para a sociedade”.
COMO ENCONTRAR O PÚBLICO IDEAL?
Trazendo essa lógica para o processo de adoção de novos produtos, a pergunta a se fazer é: em que etapa de aceitação seu produto se encontra? Ele é algo “diferente de tudo o que já foi feito”? Ou um tipo completamente aceito pelas pessoas?
Pense nas características do seu produto. Por exemplo: o Google Glass foi lançado como algo completamente diferente do que existia, já que foi o primeiro wearable comercializado. E ele foi oferecido inicialmente a um grupo muito restrito de pessoas. Já no extremo oposto estão uma caneta, um sanduíche, um livro… que são oferecidos para todos e qualquer um.
Para serviços a classificação é um pouco mais curiosa. Você pode oferecer cortes de cabelo, mas, que tipo de cortes de cabelo? Tradicionais (aceitos por todos) ou ousados, que poucas pessoas teriam a “coragem” de adotar? Detalhar o produto é fundamental para desvendar seu grau de aceitação e oferecê-lo ao público certo para aquele momento.
O PROCESSO É UM CAMINHO A SER TRILHADO
Como um processo, isso significa que existe um caminho a ser trilhado, que geralmente começa na “fronteira” (fringe) e termina no “sempre aceito” (Always). O produto que hoje causa estranheza é o produto comum de amanhã, como aconteceu com os fones de ouvido, telefones celulares, computadores e músicas rock.
O importante para nós, profissionais que trabalhamos com a introdução de novos produtos no mercado, é compreender em que faixa de aceitação o produto se encontra, para oferecê-lo justamente às pessoas interessadas em fazer uso dele. Seja “uma loucura”, arriscado, novo, da moda, de massa, ou aceito por todos.
Já tinha parado para pensar nisso?