Quando você assiste a um vídeo no Facebook, repara no crédito de quem produziu aquele conteúdo? O nome do criador está claro na postagem ou espectador é levado a crer que as imagens foram feitas pela equipe da página onde o vídeo foi divulgado? Atenção! Se o autor do vídeo não estiver muito claro, é possível que o conteúdo tenha sido roubado. Muitos YouTubers estão sendo vítimas de roubo de material, que acabam sendo postados no Facebook sem qualquer crédito ou retorno. O pior é que eles estão acusando o rede de Mark Zuckerberg de ser conivente com a prática.
O que é o Freebooting?
A prática de baixar um vídeo interessante do YouTube e depois postá-lo no Facebook sem qualquer crédito foi batizada pelos YouTubers gringos de “Freebooting”. O problema é que quando o material vai parar no Facebook, a indicação de quem o produziu originalmente é totalmente apagada. Alguns freebooters chegam até a editar o vídeo para apagar a marca do canal do YouTube e as propagandas que aparecem nas imagens. Trechos do vídeo no qual o autor aparece ou fala de seus patrocinadores são simplesmente cortados. Muito feio, não é?
O problema, os YouTubers denunciam, é que produtores de vídeo são profissionais que usam o trabalho online para gerar receita. Muitas produções são financiadas por empresas clientes ou instituições que apoiam o canal. A prática do freebooting faz com que criadores percam views e receita. Baixar um vídeo no YouTube é roubar dinheiro de pessoas interessantes que estão criando conteúdos legais, e pagando as contas com esse trabalho!
Destin Sandlin, o engenheiro por trás do canal de ciências Smarter Every Day, foi um dos criadores que mais perderam com o freebooting. Vocês já viram um vídeo muito impressionante de uma tatuagem sendo feita em super câmera lenta? Provavelmente sim, a produção tem mais de 7 milhões de visualizações no Facebook. Mas você sabia que o vídeo foi feito por Destin? Provavelmente não. A empresa que postou o conteúdo no Facebook não deu crédito para ele. Esse número impressionante de views não rendeu um centavo para o criador do vídeo.
Quando percebeu que havia sido vítima de freebooting e que seu vídeo estava circulando sem crédito, sem patrocinadores e sem link para seu canal, Destin gravou uma mensagem para seus seguidores denunciando o problema e reclamando da postura do Facebook para lidar com conteúdo roubado.
Outros YouTubers também começaram a expor a prática do freebooting e o assunto explodiu na internet.
Freebooting X Compartilhamento
Joe Hanson, cientista criador do It’s OK To Be Smart foi um dos que apoiou fortemente o movimento contra o freebooting. Em um post em seu blog, ele replicou as denúncias do Smarter Every Day. “Freebooting não é parecido com roubo. É realmente roubo!”, diz ele.
Hanson também mostrou a diferença vital entre freebooting e compartilhamento. Para os YouTubers, assim como para todo criador de conteúdo, quanto mais o link for compartilhado internet afora, melhor. Ninguém tem nada contra o share no Facebook. O usuário tem apenas que prestar atenção se os créditos do produtor do vídeo foram feitos corretamente. Ele cita as orientações do desenhista e escritor Austin Kleon sobre como compartilhar e “se apropriar” corretamente do trabalho de artistas que você admira. Aqui no Digaí, falamos mais sobre Kleon e como mostrar seu trabalho na internet neste artigo.
O que o Facebook ganha com isso?
Depois de ter o conteúdo roubado, Destin Sandlin escreveu para o Facebook para reclamar. Depois de muita demora, o vídeo foi tirado do ar. A rede não se responsabilizou pelo problema, mas respondeu se desculpando. Os YouTubers denunciam duas práticas erradas do Facebook nos casos de freebooting. Primeiro, é que a rede estaria sendo leniente com os praticantes do roubo de conteúdo. O processo desde a denúncia até a retirada do vídeo roubado da página é longo e complicado. Segundo, o Facebook não pune o usuário ou fan page que postou o conteúdo ilegal. Por que? De acordo com os YouTubers, porque o Facebook também ganha com a prática.
Para o Facebook, mais views quer dizer mais dinheiro. Como em qualquer rede ou site, quanto mais público mais caros são os anúncios. Então, o Facebook até age contra o freebooting, mas devagar, já que quanto mais tempo o conteúdo interessante permanecer no ar gerando visibilidade para os anúncios, melhor.
Hank Green, um dos produtores de conteúdo mais conhecidos da internet e organizador da VidCon, a mega conferência de YouTubers, entrou na briga fazendo denúncias graves contra o Facebook.
Ele diz que a rede tira os vídeos roubados do ar depois de alguns dias exatamente porque um post no Facebook tem “99,9%” de toda visualização nas primeiras horas depois de publicado. Assim, depois que alguma ação é tomada, não adianta de mais nada, o Facebook já lucrou com conteúdo roubado. Green diz que a rede faz isso para impulsionar a quantidade de vídeos postados e o número de views. Esses dados alimentam a briga do Facebook com o YouTube. E no mundo dos negócios, melhores estatísticas podem querer dizer mais dinheiro.
“O Facebook afirma estar streaming mais vídeos do que o YouTube. Para serem capazes de fazer tal afirmação, tudo o que eles precisaram fazer foi trapacear, roubar e mentir”, diz Green na abertura de seu texto. O artigo, intitulado “Roubo, Mentiras e os Vídeos do Facebook” já tem mais de 2,5 leituras no Medium e traz a denúncia de que a rede está “inflando” seus números sobre views. Basicamente, o Facebook tem considerado três segundo de vídeo rolando como visualização. Só três segundo e, pimba, 1 view! Como agora o “play” é automático, na prática isso quer dizer o Facebook ganha um view mesmo que o usuário não esteja realmente assistindo nada. Se o indivíduo estiver passando a vista no feed de notícias, um vídeo começar a tocar, e ele demorar mais de três segundos para rolar a página a rede já ganhou uma visualização.
Como evitar e denunciar o Freeboting
E nós usuários, o que podemos fazer? Perceber a prática de freebooting é bastante fácil. Basta tentar identificar o criador do conteúdo postado. Não conseguiu, denuncie.
Joe Hanson postou esse guia para ajudar a perceber quando um vídeo foi publicado ilegalmente no Facebook.
E o que fazer para pressionar ladrões de conteúdo e o Facebook a agirem contra o freebooting? Destin Sandlin divulgou essas orientações.
E vocês, já viram roubado no Facebook?
Vamos ajudar a acabar com o freebooting?
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