Quando foi a última vez que você leu uma boa notícia? Quando falo boa notícia, me refiro àquelas que faz você caminhar rumo ao trabalho cheio de entusiasmo, com a certeza de que faz a diferença no mundo. Se você consegue se recordar, parabéns! Você está no caminho certo e mais adiante você vai entender o porquê.
Todos os dias somos bombardeados por informações pessimistas do mundo em que vivemos. Já percebeu como muitos países vêm passando por crises econômicas e políticas, o Oriente Médio sempre está envolvido em algum conflito, as maiores potências do mundo não estão preocupadas em contribuir para questões climáticas e ambientais? Estamos caminhando para o fundo do poço e esse parece não ter fim, a cada dia estamos mais enterrados em péssimas notícias.
Você deve estar pensando “Mas são fatos, não podemos negá-los”. É verdade! O problema começa quando não sabemos como estamos absorvendo o impacto desses acontecimentos em nossa vida. Afinal de contas, se vamos tão mal, para onde vamos? Quais são nossas expectativas para o futuro? Ele será bom?
É exatamente sobre a maneira como vislumbramos esse futuro e o que ele tem de bom a nos oferecer que “Abundância“, escrito por Peter Diamandis e Steven Kotler, trata. O livro é um verdadeiro manifesto sobre a melhoria dos padrões de vida globais e sobre como a união coletiva pode ajudar a melhorar esses padrões do mundo em desenvolvimento. Os autores nos conduzem a refletir sobre alternativas viáveis para solucionar antigos embates e nos convidam a aceitar que “resolver problemas em qualquer lugar, resolve problemas em todos os lugares”.
Seu copo está meio cheio ou meio vazio?
O ditado do copo cheio x copo vazio, utilizado para comparar a visão de um otimista e de um pessimista, é um bom exemplo para explicar que a escassez, muitas vezes, é contextual. Tomemos como exemplo os recursos naturais do planeta, eles são findáveis, é claro. Mas o maior problema que estamos enfrentando com relação a eles não é sobre o seu fim, é sobre a dificuldade de obtê-los de maneira que os mantenham renováveis. Precisamos inventar e utilizar tecnologias que nos ajudem a liberar e explorar esses recursos de maneiras diferentes.
Atualmente, uma linha de estudiosos defendem os princípios do One Planet Living (OPL – Convivendo em um único planeta) como alternativa viável para distribuir “igualmente” os recursos do mundo entre seus habitantes. A ideia nasceu a partir da evidência de três fatos:
1) Estamos consumindo mais de 30% dos recursos do planeta;
2) Se todos no mundo quisessem viver no padrão de vida de um europeu médio, precisaríamos de 3 planetas;
3) Se todos quisessem viver como um norte-americano, precisaríamos de 5 planetas.
Se pensarmos a respeito dos fatos, o OPL parece uma grande iniciativa. Afinal, se temos apenas um planeta, temos que adaptar nosso consumo a ele. O problema do projeto está em enxergá-lo como única alternativa viável. Para quem acredita nele como sendo nossa única saída, vale refletir: “uma das melhores respostas à escassez não é cortar fatias menores do bolo, e sim descobrir como produzir mais bolos.” – E essa é, na minha opinião, a melhor resposta ao One Planet Living.
O copo tá vazio? A culpa não é sua…
Encarar os fatos que chegam até nós por um ângulo “pessimista” nem sempre é culpa nossa. O excesso de informações ruins que podemos nos deparar diariamente provoca um bloqueio em nosso cérebro que evita a absorção de boas novas.
Estamos acostumados a receber informações o tempo todo em todo os lugares, dessa forma, nosso cérebro fica responsável por ativar filtros. Um deles é a amígdala, órgão em formato de amêndoa responsável por emoções básicas e primitivas, tais como medo, ódio e raiva. Essa pequena parte da nossa cabeça está sempre alerta, escaneando situações capazes de ameaçar a sobrevivência.
Apesar de tão útil aos seres humanos, ela também é a responsável pela nossa falta de atenção aos bons acontecimentos. Quando nos deparamos com notícias ruins, nossa amígdala é automaticamente ativada. – E essa parece ser a estratégia dos grandes veículos de comunicação. Já parou para pensar no porquê de programas policiais como o do “Datena” fazerem tanto sucesso? – Os acontecimentos ruins vendem porque o nosso cérebro está sempre em alerta, procurando algo a temer. E como a atenção é um recurso limitado, temos dificuldade em nos concentrar em detalhes (no caso, nas notícias boas), principalmente quando estamos motivados pelo medo.
Agora que você já tem como terceirizar uma parte da culpa pelo seu pessimismo, vamos tentar entender o crescimento exponencial da tecnologia e como isso pode nos ajudar a construir a Pirâmide da Abundância.
A tecnologia cresce a passos largos exponenciais
A tecnologia exerce um grande impacto em nossas vidas porque suas soluções são pensadas para resolver problemas que temos (e os que ainda nem temos), por isso a adaptação é a palavra chave para sobreviver às mudanças, ainda mais quando levamos em consideração a velocidade com que as coisas evoluem. Não precisamos ir a um passado muito distante para lembrar de um mundo sem internet, em que as pessoas se comunicavam por cartas e telegramas. Telefone fixo era coisa para quem tinha muito dinheiro. Isso tudo há aproximadamente 35 anos atrás, na década de 80.
Mas ainda 1965 o então presidente da Intel, Gordon Moore, profetizou sobre o futuro da tecnologia e acertou em cheio. Tanto que suas previsões ficaram conhecidas como Lei de Moore e são utilizadas até hoje. Segundo ele, a cada 18 meses o número de transistores de um circuito integrado dobra. Isso significa, em linhas gerais, que a cada 18 meses computadores ficavam 2 vezes mais rápidos pelo mesmo preço.
Essa evolução pode ser representada por um gráfico de crescimento exponencial, como o exemplo abaixo:
Compreender como as tecnologias avançam, ajuda a entender o impacto que elas vão ter em nossas vidas. Hoje já existem estudos bastante avançados nas áreas de energia, medicina, robótica, inteligência artificial, entre outros. O que significa que em breve vamos ter grandes avanços não só no aumento de desempenho, mas também na redução de custos para que seus benefícios possam ser viáveis para um grande número de pessoas.
Apesar de seu crescimento acelerado, as tecnologias não são suficientes para mudar o mundo “sozinhas”.
Aprendendo a Abundância com a pirâmide de Maslow
A mundialmente conhecida Pirâmide de Maslow, que define hierarquias entre as necessidades humanas, deve ser tomada como exemplo para entender as prioridades da Pirâmide da Abundância. Abraham Maslow defende que devemos priorizar recursos básicos como água e comida para garantir o sustento físico. Nessa parte, os autores do livro concordam e também os estabelecem como base da sua hierarquia de necessidades. Mas, diferente do psicólogo americano, eles instituem uma série de aspectos importantes, não só para a sobrevivência, mas também para construção de hábitos coletivos que ajudem a melhorar os padrões e qualidades de vida do mundo.
São eles:
A pirâmide deixa claro como devemos distribuir prioridade a cada uma dessas necessidades. Oferecendo água e alimentação a quem não tem, vai garantir que essas pessoas permaneçam sustentadas fisicamente. Mas somente oferecendo energia, educação, assistência médica de qualidade e liberdade, veremos acontecer grandes transformações.
A desigualdade é uma realidade, e Abundância prega que a sua resolução é um problema de todos, pois “o que acontece lá fora, tem impacto aqui dentro“. Por mais que existam limitações geográficas, uma pandemia não vai respeitar limites territoriais, por exemplo. Nenhuma nação é capaz de se isolar no mundo, por isso o poder coletivo é cada vez mais necessário para intervir em questões globais.
A Singularidade está próxima
Se você chegou até aqui, precisa saber de uma informação que deixei passar propositalmente: Peter Diamandis, um dos autores de Abundância, é co-fundador da Singularity University, uma instituição instalada no campus da NASA (na Califórnia), que se propõe a estudar o impacto das tecnologias exponenciais em um futuro próximo. A instituição oferece uma série de programas para quem deseja entender e se preparar para receber os avanços tecnológicos da Singularidade.
Posso dizer que a maior “herança” que podemos levar após concluir a leitura de Abundância é uma visão otimista do mundo, em meio ao caos que achamos estar vivendo. O livro nos incentiva a buscar solução para grandes problemas da humanidade, nos conscientiza de que somos, e devemos ser, agentes transformadores do nosso próprio futuro e a responsabilidade que temos sobre aqueles que apenas “sobrevivem” num mundo repleto de desigualdades. Além de pensar no outro como parte do todo, o caminho à abundância envolve o poder do “faça você mesmo” e a habilidade de se adaptar.
Apesar de parecer distante, o futuro em que as máquinas substituem os seres humanos já existe, está no presente. Esteja atento às mudanças ao seu redor e pronto para mudar. Essa é a real lei da sobrevivência.
Se você já leu o livro, compartilha conosco as suas impressões nos comentários, se ainda não leu, corra! Eu diria que essa é uma leitura obrigatória para as mudanças que vão acontecer no mundo nos próximos anos (e tá pertinho viu?). 😉