A maioria de nós vive uma rotina cercada de telas. Trabalhamos no computador, batemos papo pelo smartphone, nos entretemos com a televisão, estudamos por tablets… Quando nos referimos ao fenômeno da segunda tela, estamos falando exatamente destas telas tão presentes em nossas vidas. Mas, a qual delas se refere a “segunda tela”? O que quer dizer “segunda tela” afinal? 

 

 

O conceito de segunda tela

 

Tudo parece ter começado com a maravilhosa televisão. Revendo a literatura da área, encontrei que o conceito de “segunda tela” remonta à década de 90, com a criação de um dispositivo portátil para interação com a TV. Essa definição apresenta, então, a TV como primeira tela e o dispositivo portátil como segunda tela, por estar complementando o conteúdo consumido na televisão, como uma extensão dessa.

 

Numa definição básica, esse é o conceito que perdura até os dias de hoje. Veja, por exemplo, o que mostra a Wikipedia:

 

Definição de segunda tela da Wikipedia
(Definição de segunda tela da Wikipedia)

 

Uma definição mais complexa é oferecida pela 2nd Screen Society (Sociedade da Segunda Tela), na qual encontramos o mesmo sentido, mas, desta vez, com a inclusão do conceito de TV Social (em tradução livre):

 

(Definição de segunda tela para a 2nd Screen Society)

 

 

A Segunda tela da TV

 

O fenômeno da segunda tela tem sido cada vez maior, com pessoas acompanhando a programação da TV em aplicativos mobile como Twitter e Facebook. Vários programas estimulam isso, através da criação e anúncio de hashtags específicas ao vivo.

 

Além disso, empresas estão criando aplicativos específicos para segunda tela. A BAND, rede de TV brasileira, possui um aplicativo para dispositivos móveis com essa função. Veja no vídeo abaixo como ele funciona:

 

 

 

Como funciona a segunda tela, no app BAND
(Como funciona a segunda tela, no app BAND)

 

 

Discussões sobre o conceito

 

Em linhas gerais, esta definição, como explicada até aqui, ainda é a definição mais aceita pela sociedade quando nos referimos ao fenômeno “segunda tela”. O “ainda” se deve ao fato de que cada vez mais profissionais estão indo a público para contradizer esta definição.

 

Primeiro, porque “primeira tela” acaba passando uma ideia de prioridade, ou hierarquia da informação. Isso é válido para o aplicativo da BAND, por exemplo, que utiliza sua “segunda tela” para complementar as informações passadas pelo canal de TV. Mas, se considerarmos o potencial de crescimento da internet, não fica difícil imaginar que a “primeira tela”, a TV, seja cada vez menos a primeira opção de conteúdo.

 

E, segundo, porque o conceito impõe à “segunda tela” uma extensão que visa apenas complementar a primeira. Você consegue imaginar seu smartphone completamente subordinado ao conteúdo que é veiculado na televisão? Porque é assim que ele tem sido utilizado pelos produtores de conteúdo para segunda tela. As maiores potencialidades das mídias móveis ficam em segundo plano, para dar espaço à lógica televisiva de produção de conteúdo linear e unilateral.

 

 

Mobile agora é primeira tela?

 

Durante a conferência MIPFormats 2015, um dos principais eventos de conteúdo para televisão, Eric Scherer, da France Télévisions, anunciou: “mobile agora é a primeira tela”. Segundo ele, a televisão deveria estar trabalhando, neste momento, em uma estratégia “mobile-fisrt”, ou seja, priorizando a produção de conteúdo para o mobile, devido a sua popularidade – que estaria apenas começando.

 

Assim como ele, diversos outros profissionais estão multiplicando a ideia de que a TV, como a conhecemos nos últimos anos, não continuará existindo. Isso porque, ainda segundo Scherer, o mobile está tirando as pessoas da frente da TV, mais do que complementando seu consumo.

 

Dessa forma, propor que existam uma primeira e uma segunda telas acabaria sendo um conceito que apenas nos desviaria da solução que se pretende alcançar. E esta solução seria como oferecer um conteúdo adequado às atuais necessidades e aspirações da sociedade.

 

O desafio para a TV já está lançado. Será que chegou a hora da televisão finalmente perder sua majestade?

 

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