Em junho deste ano foi lançada uma rede social espelhada na famosa Facebook. Não bastasse o nome inegavelmente semelhante, a FaceGlória tem o mesmo azul e branco da rede social mais famosa do mundo. A diferença fica por conta do seu perfil de público alvo. Incomodado pelo conteúdo “do mundo” – como dizem os evangélicos – repleto de pornografia, violência e mensagens ofensivas ao cristianismo, o criador da rede social cristã, Acir Filló, idealizou um ambiente digital em que as pessoas cristãs – não importa a denominação ou doutrina – pudessem se sentir a vontade e protegido para trocar mensagens com caráter evangélicos.

 

Apesar de muito recente – foi lançada somente em junho deste ano – a rede já possui mais de 110 mil usuários cadastrados. Ainda quase nada se comparado aos 42 milhões de evangélicos estimados no Brasil, e muito menos ainda que os usuários do Facebook, que já ultrapassaram 1,4 bilhões pelo mundo. Mesmo assim, a presença da nova rede já incomoda o garoto prodígio, Mark Zuckerberg, que já está mexendo seus pauzinhos para assegurar a proteção de marca de sua criação. Eles já notificaram judicialmente a rede social cristã, pedindo a imediata mudança de nome e endereço, além do estilo e aparência, para não ter o risco de qualquer associação com o Facebook.

 

O registro da marca

 

Embora evidentes as semelhanças da nova rede social, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu registro da marca à Acir Filó em fevereiro de 2012. Portanto, até que se prove o contrário, não há nada de errado em relação à marca FaceGlória. Mas na opinião dos advogados do Facebook este registro fere a ‘Lei de Propriedade Industrial’, por se aproveitar do reconhecido sucesso que eles têm. Inclusive, eles usaram os números do desempenho do FB para confirmar este fato: os 1,44 bilhão de usuários, que enviam 45 bilhões de mensagens por mês e veem 4 bilhões de vídeos por dia.

 

A rede social vista de fora

 

Como era de se esperar, não demorou muito para o site brasileiro chamar a atenção da imprensa extrangeira. Vários portais lá de fora já noticiaram e comentaram algo a respeito:

O site ‘Dailymail’, dentre outras coisas, fala sobre a motivação dos criadores do FaceGlória, que é ser uma rede ‘sem pecados’, com a intenção de ser bem mais moral que o próprio Facebook.

O ‘Hindustan Times’ fala também de pessoas que atuam como voluntários no ‘patrulhamento’ dos conteúdos postados, para que não fuja das regras. Cita também o fato de o Brasil ser o país com maior número de católicos.

O ‘CNN Money’ publicou uma matéria sobre uma carta enviada pelo pessoal do Mark Zuckerberg ao FaceGlória reivindicando a imediata interrupção do seu funcionamento, sob risco de ações judiciais mais severas.

 

O futuro do FaceGlória

O que acontecerá com a rede cristã só Deus sabe. Mas a intenção de seus criadores é realmente conquistar o mundo. Suspeita-se até que já haja um domínio registrado como ‘faceglory.com’. Seu criador entende que esta briga com o FB é apenas o primeiro embate de muitos que pretende enfrentar mais adiante. Seu objetivo é fazer a rede crescer a tal ponto que possa até substituir o Facebook (ousado, não?!). Quando forem ‘gigantes’, atingindo os 50 milhões de usuários, a intensão é ser um forte canal para ações de comoção mundial. Com campanhas como, por exemplo, contra o Estado Islâmico. Ele completa que “o objetivo único do Mark Zuckerberg é financeiro e o nosso é trabalhar pela paz e educação”.

Mas, apesar de tudo, eles não desconsideram uma possibilidade de conversa com o Facebook, e até mesmo uma parceria. Desde que não tenham que abrir mão de seus princípios.

 

Foto: Divulgação FaceGlória
Foto: Divulgação FaceGlória

Conclusão

A despeito de toda esta disputa, o que chama a atenção é a capacidade que a internet possibilita à qualquer pessoa idealizar e criar algo que possa ameaçar hegemonias e potencias mundo afora. Assim como na história bíblica, em que um personagem fraco e menosprezado (Davi) é capaz de enfrentar, e até vencer, outro extremamente mais poderoso (Golias). No caso do FaceGloria, o foco é apenas um nicho bem específico de toda a parcela de pessoas alcançadas pelo Facebook. Mesmo assim, incomoda e preocupa a grande rede social.

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