Que a primeira impressão é a que fica, todo mundo já ouviu falar. Mas no mundo digital, as proporções são muito maiores do que se imagina.
Principalmente na hora de produzir conteúdo.
Por que será que enquanto alguns produtores de conteúdo para blogs, YouTube e afins que falam tanta “besteira” e estão ganhando verdadeiras fortunas, outros que estão fazendo um trabalho tão sério e dedicado continuam dando murro em ponta de faca para ter uma audiência mínima?
Mesmo sabendo que não será fácil competir com quem já está consolidado no mercado, tem gente fazendo das tripas coração para produzir um bom conteúdo, já contando com uma certa demora nesse processo, mas de repente chega alguém que acabou de se lançar e já chega bombando com tudo e ganhando em um mês o que levaria mais de um ano para os outros meros mortais conseguirem.
Logo, a multidão de produtores superlotando as diversas mídias não parece ser um determinante para a qualidade da sua audiência. O que será esse determinante, então?
TESTEMUNHAS DO GÊNESIS
Se formos levar em consideração a influência que o YouTube vem tendo sobre a produção de conteúdo para a internet, podemos observar uma linha do tempo na qual acompanhamos, desde o começo, a evolução (e decadência) dos seus produtores de forma mais íntima e pessoal.
Mesmo (ou principalmente) se pegarmos conteúdo antigo e comparar com hoje em dia, percebemos que até mesmo os grandões têm duas dificuldades, sacrifícios e um jogo de cintura para se manter onde estão. Ou tentar pelo menos.
Porém, se no mundo dos átomos quem pensa estar de pé tem que se cuidar para não cair, na internet, onde cada dia vale por anos no mundo analógico, a lei da selva pode exigir uma seleção natural muito mais rigorosa do que se imagina.
O BIG BANG DO YOUTUBE NO BRASIL
De 2010 para cá vemos canais que explodiram numa tendência incontrolável da produção para YouTube e se tornaram referência na plataforma.
VLOG
Se alguém te dissesse que um garoto tímido e vesgo, dando sua opinião inusitada num discurso desconexo se tornariam o maior sucesso nacional e viria a ser referência em videolog, você acreditaria?
Nem eu. Mas foi assim que PC Siqueira, com seus vídeos totalmente despretensiosos, acabou ganhando uma projeção muito maior do que ele mesmo esperava.
Enquanto isso, munido de óculos escuros e muita frustração, Felipe Neto dava vida ao Não Faz Sentido com o intuito de fazer um laboratório dramático após vários empreendimentos que se mostraram um fracasso.
Com a onda vieram outros como Cauê Moura com seus raps e polêmica com Latino, o Jovem Nerd fazendo graça com a cultura pop, Canal Nostalgia falando de coisas antigas, Jacaré Banguela, Kéfera e muitos outros.
O que era uma onda se transformou num Tsunami incontrolável. O que certamente acabou se tornando mais difícil de se surfar.
A FÓRMULA MÁGICA
O maior problema dentro desse Tsunami não é necessariamente a quantidade de pessoas que está produzindo. Isso na verdade é muito bom porque quanto mais conteúdo nós temos ao nosso alcance, mais ferramentas e possibilidades entram para o nosso leque. E ao contrário do que você agora pode estar pensando, o maior problema também não é qualidade.
Afinal, os recursos disponíveis com o conteúdo que já foi produzido até agora tem fomentado muitos projetos de excelente qualidade. Lembrando que os canais de mais sucesso da atualidade começaram com qualidade muito inferior a um pessoal novato que está levando o assunto muito a sério e investindo pesado em coisa boa. O componente essencial que é responsável pelo sucesso esmagador dos que ainda estão no topo é: inovação.
UM OU ZERO
A linguagem digital nunca foi tão binária. Todos os exemplos citados acima foram, de algum modo, pioneiros no que faziam. Aí você pode estar pensando “Mas e Fulano de Tal que copiou Cicrano Sei Lá das Quantas do exterior?”
Eu respondo com a citação de Antoine Lavoisier: ” Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Mesmo os tipos de conteúdo que já se fazia lá fora, ainda era novidade para os brasileiros. Se buscarmos as referências de muitos dos produtores mais populares veremos que eles mesmos apenas adaptaram o formato original ao seu público alvo. Isso já é grande coisa. Pois, a partir do momento que damos nosso toque pessoal a algo que já existia, deixando aquilo diferente de alguma maneira: temos algo novo.
E se ninguém tiver feito aquilo, somos número 1.
E hoje não há mais tanto lugar no pódio para o número 2.
IMPRESSÃO DIGITAL
Já tem alguém fazendo o que você quer fazer? Então por que eu consumiria o seu conteúdo e não o do outro?
Pesquise bem e conheça QUEM está produzindo e COMO está produzindo o que você quer oferecer. E pense que se alguém tiver interesse no assunto, precisa de uma razão muito boa para dedicar sua atenção a você, no lugar de outro que chegou primeiro.
Você somente passará a ser uma opção se não for mais um clone mal sucedido. Você tem que deixar a sua impressão digital.
Seja no tipo de edição, na forma como apresenta os assuntos ou como apresenta a si mesmo. Seja diferente! SEMPRE diferente.
Pois o que é novidade hoje, amanhã está obsoleto.
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE
Se tem um canal que deu certo foi o tal do Porta dos Fundos. Projeção mundial, livro publicado, contrato com a Fox, destaque de seu elenco na Globo e tudo o que tem direito. De repente, é Porta dos Fundos em tudo o que é canto e, de tabela, um dilúvio de “copiadores”.
E sim, eles continuam em alta. Mas já não tem mais o mesmo destaque. Muita gente já estava ficando saturada da mesma coisa que foi ficando cada vez mais previsível até eles fazerem a própria série. O que deu uma nova sacudida na audiência.
Antes do povo questionar o Porta, o canal Parafernalha que já fazia conteúdo no mesmo formato se posicionou reciclando suas esquetes e trabalhando com listas e tópicos. PC Siqueira se lançou na culinária com seu amigo Otávio Albuquerque no Rolê Gourmê.
Felipe Neto, que já havia lançado o Parafernalha, passou a gerenciar a network Paramaker. Cauê Moura agora faz vídeos diariamente e tem seu próprio e-commerce. O Jovem Nerd que já tinha comunicação integrada com seu blog e podcast, passou a contar com as edições e efeitos especiais da Gaveta Filmes, decolou a network Amazing Pixel, trazendo consigo o canal Nostalgia, Jacaré Banguela, Nerdologia, e outros além da Nerdstore, Nerdbooks e outros empreendimentos. Ufa…
A própria Kéfera, em entrevista para o canal Mundo do Dinheiro, diz que não contava com os resultados que conseguiu e não recomenda que façam o que ela fazia no começo porque isso não funciona mais.
Logo, que está de pé há algum tempo sabe que tem que se cuidar para não cair. E assim se reciclando entre metamorfoses e novos empreendimentos e eles mostram que ser número um não tão difícil quanto se manter nessa posição.
E vale a pena ir testando até ver o que funciona melhor.
DE VOLTA À PRANCHETA
Quando fiz o meu canal no Youtube eu ainda não pensava em explorá-lo como negócio. Eu apenas submetia alguns videos pessoas para poder acessá-los depois e poder compartilhar com que quisesse.
Mas com o passar do tempo, devido a problemas com o meu blog, eu comecei a estudar melhor a plataforma e ver como seria a melhor maneira de construir a minha presença.
Só que eu ainda não tinha todos os equipamentos nem as técnicas necessárias para produzir o conteúdo do jeito que eu queria.
Foi aí que, durante minhas pesquisas, eu fui vendo que se eu não agisse com o que eu tinha logo não daria mais para agir de jeito algum.
Era necessário começar de qualquer jeito enquanto eu ainda podia e ir aperfeiçoando as coisas no caminho do que ficar parado e vendo tudo acontecer.
Foi assim que resolvi, em 2014, fazer o meu laboratório.
O Laboratório
Sem uma câmera profissional, microfone, tripé ou noções de edição aventurei-me num conteúdo que fosse relevante para a minha área de atuação além de ser útil e dei o meu toque pessoal. Minha Impressão Digital. Usei apenas o que tinha, mas quis fazer diferente.
O resultado da primeira empreitada foi esse:
https://www.youtube.com/watch?v=Zqr_5slBt_0
Eu sei… Eu sei…
Morro de vergonha desse e de outros tantos feitos logo em seguida…
Eu não tinha como manipular a câmera (iPhone) e o balanço constante chega a dar enjoo.
Eu não ia sair compartilhando esse vídeo por aí, até mesmo porque eu queria ter um pequeno acervo para testar.
Mostrei a meia dúzia de pessoas de confiança que poderiam me orientar e essas compartilharam. Por fim, acabei experimentando algumas visualizações e comentários, tanto no YouTube como pessoalmente e em outras mídias.
E tudo só me encorajou.
Daí por diante, fui testando sempre algo novo aqui e ali e fazendo do canal exatamente o que ele se deveria ser: um laboratório.
Com pouco tempo e muitas tentativas enquanto ganhava experiência, a coisa foi ganhando forma e ficando mais ou menos assim:
https://www.youtube.com/watch?v=6emXdp7m6xo
Já esse eu nem tenho tanta vergonha assim…
Como deu pra perceber, apesar de haver uma certa evolução técnica, a maior inovação foi na abordagem.
Eu consegui pegar uma figura de forte identificação com o meu público alvo enquanto a série Flash estava em alta e conectei com o assunto a ser tratado.
Cair em Campo
Esses dois exemplos que mostrei não foram os de maior acesso ou compartilhamento, mas com eles foi possível fazer um paralelo entre um e outro.
Já tenho engatilhados outros vídeos mais evoluídos e começo a aplicar outras coisas que fui aprendendo num período de “recesso”.
Contudo, ao contrário do primeiro vídeo mostrado, eu não vou mais estar apenas experimentando, e sim, implementando profissionalmente o que venho desenvolvendo há um ano.
Eu não quero com isso dizer que você deva esperar um ano para ter confiança no seu trabalho, digo porém que você não perca tempo para começar a produzir o seu conteúdo. Mesmo que você ainda não tenha tudo o que precisa, você pode ir conseguindo ao longo do caminho.
E aí quando você aplicar o que puder com o que tiver sem se esquecer de inovar, não será mais uma cópia.
Você vai carimbar a internet com a sua Impressão Digital.
DIGAÍ qual é o conteúdo que você acompanha e acha que leva a Impressão Digital do produtor ou tire suas dúvidas nos comentários.
Muito sucesso para você!