O ano de 1984 foi marcado por grandes acontecimentos mundiais em vários setores. Na política nacional, o surgimento das Diretas Já; no ramo do entretenimento, o álbum Thriller do Rei do Pop Michael Jackson entra para o livro Guinness dos Recordes como o mais vendido da história; nos esportes, o piloto Niki Lauda consagra-se tricampeão mundial de Formula 1; e no setor da tecnologia, um lançamento que viria a revolucionar drasticamente a história da computação como se conhecia até então.
Em 24 de janeiro de 1984, a Apple lançou seu primeiro Macintosh. “O computador que mudou tudo” – assim afirmam os especialistas – revolucionou o mundo da tecnologia com a promessa de pôr nas mãos de qualquer pessoa o poder criativo da tecnologia e de abrir as portas da computação para os “não-especialistas”.
O início de tudo
O projeto do Macintosh surgiu no início de 1954, na tentativa de criar um computador fácil de utilizar e barato para as empresas. O primeiro protótipo tinha 64KB de memória, microprocessador 6805E da Motorola e um monitor de 256×256 pixels em preto e branco.
Na época do seu lançamento, o primeiro Apple Macintosh custava US$2.495. Esse modelo incluía um monitor de 9 polegadas monocromático com resolução de 512×384 pixels, processador Motorola 68000, memória de 128KB (posteriormente ele passaria a ser chamado de Macintosh 128K) e uma alça acima do monitor para facilitar seu transporte.
24/01/84: lançamento do Apple Macintosh. (esq.) Steve Jobs, CEO da Apple; (dir.) John Sculley, presidente da Apple.
Naquele ano, a apresentação do mais novo produto foi primeiramente exibida ao mundo todo através do inesquecível comercial no Super Bowl de 1984 e que foi dirigido por ninguém menos que Ridley Scott. A publicidade representa bem a quebra de paradigma que o Macintosh iria representar.
Um divisor de águas na computação
Até o Macintosh ser concebido, para lidar com os computadores da época, o usuário precisava digitar comandos. Com a chegada do Mac, as pessoas puderam clicar em ícones para executar programas, as opções disponíveis estavam todas organizadas em menus e agora, para mover arquivos, bastava arrastá-los com o mouse e soltá-los no local desejado.
Sabe a metáfora de “jorgar arquivos na lixeira para deletá-los”? Foi o Macintosh que trouxe esse conceito. Conceitos tão fundamentais hoje em dia que fica difícil imaginar e acreditar num tempo em que eles só existiam em laboratórios de pesquisa avançada. Até mesmo a possibilidade de utilizar diferentes fontes e editá-las em itálico, por exemplo, foi mais um conceito que surgiu com o Mac.
Ao longo desses 30 anos, o Macintosh tem influenciado a vida de todos nós, até na minha que não tenho um computador da Apple. A grande maioria dos aparelhos eletrônicos consumidos atualmente ainda adotam os mesmos tipos de interação que surgiram com ele e essa é uma revolução que causa um impacto significativo nas geraçãos de dispositivos que se sucederam.
Com uma proposta de design totalmente inovadora, a Apple já mostrava que era realmente única nesse aspecto, até mesmo pelo fato de se importar com isso. Os primeiros Macs fabricados exibiam um smiley quando o computador era iniciado. Ícones e janelas tinham um formato arredondado, detalhes que tornaram o computador mais “amigável” e fácil de usar (pelo menos subconscientemente).
Enquanto que os antigos PCs geravam textos de maneira muito similar ao de uma máquina de escrever, sem nenhuma variação na aparência, o Mac foi um dos pioneiros a exibir telas que lembravam a de um aparelho de TV. Dessa forma, era possível mudar a fonte e seu tamanho e até mesmo editá-la em itálico. Quando lançado, o Macintosh popularizou a experiência do “WYSIWYG” (sigla para what you see is what you get, onde numa tradução livre para o português, seria “o que você vê é o que você recebe” ), referindo-se à formatação de textos e imagens na tela do computador que entregaria ao usuário o mesmo resultado na impressão.
Feliz aniversário, mac
Não é todo dia que uma empresa lança um produto que rompe paradigmas de uma geração inteira de conceitos desenvolvidos numa área tal como a tecnologia, e por isso a Apple não iria deixar de comemorar de jeito nenhum o aniversário de um “filho” prodígio que completa 30 anos com tantas conquistas.
Em parceria com o Planet Studios, Computer History Museum e Macworld/iWorld, a Apple realizou uma festa no sábado passado (25) no Flint Center, em Cupertino – mesmo local onde Steve Jobs subiu ao palco para apresentar o Mac para o mundo. Estavam presentes membros da equipe original que desenvolveu o computador e foram exibidos vídeos inéditos da criação no dispositivo.
Uma bela e digníssima homenagem foi feita no site da Apple com a apresentação da seção 30 years of Mac (30 anos de Mac). Quem acessa a seção, é convidado a navegar por uma timeline visual que data de 1984 até 2014 e conta toda a história da criação e evolução do Macintosh narrada por uma pessoa (profissionais das mais diversas áreas da Apple) ou entidade que contribuiu para seu desenvolvimento ou foi impactado de alguma forma pelo computador.
Adivinha quem abre a timeline e tem a palavra na página de 1984? O Steve Jobs, claro. “Estamos vivendo apenas o começo do que será uma verdadeira e memorável revolução para a maioria das pessoas – tão memorável quanto o telefone.”, disse o co-fundador da Apple e icônico CEO da empresa.
Quem visitar o site comemorativo, será encorajado a compartilhar suas próprias experiências com seu primeiro Macintosh: onde o comprou, quando e com que finalidade o usava. Com esses dados, a seção Your first Mac apresenta gráficos em tempo real. Nos primeiros anos, os Mac’s eram utilizados para educação e processamento de textos. Atualmente, o email e a internet dominam, obviamente.
Além disso tudo, foi publicado no Youtube um vídeo que celebra os 30 anos do Mac avaliados por personagens importantes no campo das artes, como o compositor alemão Hans Zimmer, o papa das trilhas sonoras de Hollywood, e a designer de moda Iris van Herpen.
O Macintosh de 2014
O Macintosh amadureceu ao ponto de estar agora começando a buscar inspiração do iPhone e do iPad (que, à propósito, completa 4 anos de lançamento dia 27 deste mês). Alguns apps desenvolvidos para o Mac foram lapidados à semelhança das versões mobile, como o envio de notificações. E já tem lançamento de deixar os cabelos em pé: o Mac Pro.
O Mac Pro é um cilindro escuro que contém luzes na parte de trás que acendem quando ele é movido. A tampa pode ser retirada exibindo o hardware sob a carcaça. A Apple deixou pra trás o design de torre quadrangular de muitos computadores, mas não reduziu as especificações. O processador principal pode ter até 12 núcleos (os computadores convencionais têm 2 ou 4) e há dois processadores gráficos dedicados.
O que a Apple quer é que, em vez de adicionar mais recursos no interior, o usuário expanda a capacidade com periféricos conectados por meio do cabo de alta velocidade Thunderbolt (assim como pelas últimas versões das conexões de USB, HDMI, Wi-Fi e bluetooth). O Mac Pro já estará disponível a partir do mês que vem aqui no Brasil e você poderá levar pra casa essa super-mega-blaster-ultra-power-advanced-Jedi-Vader máquina pagando a partir de R$ 12.999 (ele já foi lançado nos Estados Unidos no início desse mês, com o modelo básico custando US$ 3.000.).
São tantas festividades e motivos de sobra para comemorar, que eu imagino a Apple numa festança muito bem servida daquelas tortas de maçã do filme American Pie em numerosas e espaçosas mesas de buffet e caixas e mais caixas de suco Ades sabor maçã com soja.
Suposições à parte, o que você tem a dizer sobre a evolução do Macintosh? De que forma a Apple influenciou a sua experiência com a computação e tecnologia em geral? Comente aqui e compartilhe.
imagens:
http://www.apple.com/30-years/