Ao longo dos últimos meses, envolvido no ambiente de startups, tenho percebido algo no mínimo curioso com relação à forma que parte destes empreendedores se relacionam com resultados econômicos e financeiros em seus empreendimentos. No meu ponto de vista, todos imaginam que suas ideias ou projetos vão estourar e que vão ficar ricos naturalmente, afinal, juntam amigos, trabalham nas madrugadas pós-faculdade ou emprego, deixam de lado oportunidades de trabalho, brigam com familiares e companheiros em função de seu sonho e participam de vários pitchs para investidores, mas pouco se fala sobre que metas são importantes, quais prioridades e os resultados críticos para a evolução e sustentação deste empreendimento.
Até entendo que grandes negócios de referência neste setor: Microsoft, Apple, Google, Facebook entre tantos, nasceram de insights de empreendedores que transforam suas startups em negócios bilionários e se tornaram celebridades mundiais.
Até entendo que estes empreendimentos tem uma dose acentuada de inovação e de risco, e que o ambiente criativo deve ser estimulado para que as ideias possam ser desenvolvidas usando diversas novas técnicas que potencializam este processo criativo como: Lean, Design Thinking, Scrum e muito mais.
Até entendo que muitos são jovens e que têm pouco conhecimento do ambiente empresarial e que muitas vezes estão tendo sua primeira experiência profissional através do desenvolvimento de suas startups.
Mas o que eu realmente não entendo é ver que dentro deste ambiente tem-se universidades, incubadoras, aceleradoras e outras instituições estimulando estes empreendedores a manterem este comportamento, talvez em nome da grande “inovação disruptiva” quando em pesquisa do grupo Doblin (2007) apenas 4% dos novos produtos tem sucesso nos EUA.
A impressão que tenho é que muitos empreendedores estão inebriados com suas ideias mirabolantes, de uma maneira, que só vi em alguns amigos que pensavam em montar suas bandas de rock na garagem de casa e que ficavam horas-e-horas falando sobre como iriam fazer sucesso e que muitas vezes não sabiam nem tocar, afinal, Legião Urbana, Capital Inicial, RPM entre muitos tinha começado assim.
Talvez, numa visão econômica, o estímulo a estas “bandas de rock” com nome de startups deve ser essencial, afinal, talvez de uma garagem ou de uma incubadora possa sair uma grande solução ainda não imaginada. Mas, como o empreendedor que sabe do esforço pessoal para que negócios reais tenham resultado – e que a aprendizagem tem muito mais significado quando se tem um objetivo claro e específico. Recomendo que os empreendedores reflitam se suas startups nasceram para serem negócios com despesas, receitas, custos, investimentos e etc ou se serão mais uma banda de rock de uma garagem que alimentará amizades, sonhos, mas nenhum resultado.