Já ouviram falar ou já participaram de algum Crowdfunding? Talvez vocês já tenham participado e não saibam. Crowdfunding (Crowd = multidão; funding = financiamento) é quando você decide apoiar monetariamente um projeto para que ele saia do papel. O projeto pode ser um livro, história em quadrinhos (HQ), show, cd, filme (curta ou longa metragem), peça de teatro, game, aplicativo para smartphone e/ou tablet, luta por uma causa, etc. Resumindo: pode ser por uma causa social, ambiental, tecnológica, educacional ou cultural. Existem vários sites que trabalham com isso, dentre eles: Catarse, Vakinha, Minemecenas, Começaki, entre outros. Nesses sites é possível apoiar projetos do Brasil inteiro.
Quem apoia um projeto acaba virando um colaborador. Quando o projeto atinge a meta em dinheiro necessária para que ele saia do papel, o colaborador pode ganhar algo relacionado ao projeto ou simplesmente ajudar por uma boa causa. Caso a meta não seja alcançada dentro do prazo estabelecido, ou seja, não atinja 100% do capital, o dinheiro é devolvido aos colaboradores. O colaborador escolhe a forma de pagamento e quanto quer apoiar. Infelizmente, muitos projetos não conseguem atingir essa meta. Quem não pode ou não quer colaborar financeiramente pode simplesmente compartilhar os projetos e, consequentemente, ajudar na divulgação.
Alguns meses atrás resolvi apoiar o meu primeiro projeto no sistema Crowdfunding. Fiquei sabendo do projeto Cueca por Cima das Calças, do publicitário e cartunista Rafael Koff, através do site Catarse. O livro é uma paródia com os heróis da Marvel e DC. Me interessei pelo projeto e resolvi colaborar com a causa. O projeto teve o apoio de 660 colaboradores e conseguiu atingir a meta de 521%. Dependendo da quantia que o colaborador apoiava a causa, ele podia ganhar outro livro que já foi lançado pelo autor, pôster e até uma ilustração do colaborador vestido do seu super-herói favorito.
Entrevistei Rafael Koff, que me falou um pouco sobre seus projetos e Crowdfunding.
Digaí: Quais são os livros que você já publicou?
Rafael: Sou autor de vários pequenos livros de humor: Tirinhas de Jesus (parodiando a vida dele), Questionamentos para Machos Convictos (com perguntas pornográficas impossíveis de se responder), Tirinhas do Zodíaco (parodiando os Cavaleiros do Zodíaco), Guia do Homem Infiel (com táticas de traição bem-humoradas) e Freddy and Jason Have Fun (mostrando situações onde o Freddy Krueger e o Jason Vorhees são amantes felizes).
Digaí: Quando surgiu a ideia de publicar seus livros através do Crowdfunding e do Catarse?
Rafael: Eu me encantei pelo modelo porque ele faz com que os apoiadores se sintam também responsáveis pelos projetos que apoiam, ajudando a divulgar e acompanhando o processo de produção. Além de dar liberdade criativa total ao autor, já que permite uma produção sem riscos totalmente independente.
Digaí: Todos os seus livros são publicados com o apoio das pessoas?
Rafael: Os últimos três utilizaram o sistema de crowdfunding, mas a ideia é continuar produzindo desta forma de agora em diante. Os anteriores eram financiados do meu próprio bolso e sempre existia o risco de se perder dinheiro e não conseguir “me livrar deles”.
Digaí: Você esperava o sucesso de Cueca por Cima das Calças?
Rafael: A meta original cadastrada foi de R$5.000. Um valor que não pagava a produção, mas já ajudava bastante. Sou uma pessoa muito pessimista. Quer dizer, eu estava confiante de que chegaria no valor pedido, mas nunca esperava atingir mais de 500% dele. Fico feliz em saber que cada vez mais o pessoal que apoia os meus projetos tem ajudado na divulgação deles e migrado de um projeto para o próximo junto comigo.
Digaí: Como funciona o sistema de recompensas?
Rafael: O apoio em si não é uma compra. É uma doação de dinheiro para ajudar você na produção do que quer fazer. Em troca de determinados valores você oferece recompensas para quem ajudou. Quanto maior o apoio, mais legal a recompensa que a pessoa ganha. Como a minha produção é sempre desses pequenos livros, eu coloco o livro finalizado, livros anteriores, posters e outros brindes como recompensa.
Digaí: Tem planos de publicar outro livro através do Crowdfunding?
Rafael: Tenho sim! A ideia é continuar a produção e até mesmo aumentar o ritmo. Já estou trabalhando em um novo projeto que devo divulgar em alguns meses. Tento não me repetir muito, então as pessoas podem esperar algo diferente do que fiz até agora. Ou pelo menos um estilo de humor diferente.
Digaí: O que você diria para as pessoas que têm medo de apoiar projetos na internet?
Rafael: Eu acho que elas tinham medo no início. Principalmente quando não conhecem o autor. Mas o sistema está se estabelecendo no Brasil e é mesmo algo que está revolucionando o modo como os artistas produzem suas obras no mundo todo.
Digaí: Qual conselho você daria para as pessoas que estão pensando em arrecadar dinheiro para um projeto através do Crowdfunding?
Acho importante a pessoa já ter em mente quem são seus apoiadores em potencial e estabelecer uma meta realista de arrecadação. Além de montar pacotes legais nas recompensas e manter um contato próximo dos apoiadores.
Digaí: Você já apoiou algum projeto?
Rafael: Já apoiei, mas poucos por enquanto. Nos últimos meses, quase sempre tinha algum projeto para divulgar. Mas pretendo apoiar mais porque realmente acredito no sistema.
Digaí: Como faz para divulgar os seus projetos?
Rafael: Eu utilizo apenas o facebook, na verdade. Não sou muito fã dessa parte do processo, preferindo focar na produção dos livrinhos em si. Na verdade, acho que se gastasse mais tempo na divulgação, conseguiria resultados melhores em termos de arrecadação. Mas com certeza não produziria tanto quanto agora. Então conto sempre com a boa vontade dos apoiadores para me ajudar na parte da divulgação.