Como anunciamos aqui mesmo no Digaí, o Instagram deixou de ser um aplicativo só de fotos. Os mais de 100 milhões de usuários da rede social agora também podem postar vídeos curtos de até 15 segundos. Mas por que entrar no mercado de vídeos, se o Instagram dá tão certo como uma rede para compartilhamento de imagens?
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A nova feature é uma tentativa clara de frear o crescimento do Vine: app para compartilhamento de vídeos de 6 segundos. Mark também quer aproveitar as novas oportunidades de monetização que começam a ser desenhadas nesse cenário.
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Vários dados apontam para o mercado de mobile video sharing como a próxima (ou já atual?) realidade. A seguir, vamos ver alguns dos motivos que sustentam a euforia em volta dos short videos.
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Crescimento Acelerado do Vine
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Para começar, vamos revisitar a apresentação de Mary Meeker no #d11 sobre a Era Mobile. Um dos pontos que ela destacou como tendência para 2013 foi justamente o compartilhamento de vídeo pelo celular. Um dos cases apresentados por Mary, o Vine, praticamente dobrou de usuários entre março e abril.
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O Quantcast também registrou esse crescimento. Segundo o site, o Vine possuía 69 mil usuários em janeiro. Em Maio, esse número já havia saltado para mais de 3 milhões de usuários!
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Altíssimo Engajamento
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Um estudo do site The Verge mostrou que, em apenas 5 dias após o lançamento do Vine para Android, os vídeos de 6 segundos já possuíam mais compartilhamentos no Twitter que as fotos do Instagram. Isso é uma conquista e tanto, pois o Vine não possuía nem 5% do número de usuários do concorrente.
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O SocialBakers também realizou um estudo para comparar o engajamento no Twitter observando tweets contendo links do Youtube e do Vine. A taxa de engajamento nos dois foi próxima: o Youtube ainda vence com a taxa de 0,041% tweets engajados contra 0,038% do Vine. Mas para um aplicativo de 6 meses e com tão poucos usuários (comparado com o Youtube), não deixa de ser um dado expressivo.
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Entretanto, é na pesquisa realizada pela UnrulyMedia que está o dado mais importante para o mercado de anunciantes. Dos 100 Vines mais compartilhados, num estudo que avaliou 10 milhões de links durante 1 mês, 4% foram produzidos por marcas (branded content). Comparando com os 100 vídeos mais viralizados no mesmo período, apenas 1% tinha sido produzidos por uma empresa.
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Se o usuário tem realmente maior predisposição para compartilhar conteúdo das marcas em vídeos curtos, pode ser uma grande oportunidade para monetização, tanto para Instagram como para o Vine. Provavelmente por isso o Instagram optou por vídeos de 15 segundos ao invés dos 6 segundos do Vine, pois esse é o tamanho mais comum dos comerciais de TV.
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Ainda dá tempo para o Instagram chegar?
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Não é a primeira vez que o Facebook tenta correr atrás do prejuízo. No final do ano passado, a empresa lançou um aplicativo de photo chating (o Poke) para concorrer com o Snapchat, que assim como o Vine, crescia em velocidade absurda. O Poke ainda não decolou, mas quando entrou no mercado o Snapchat já estava presente em 10% dos smartphones americanos (grave esse número!). O Facebook não conseguiu abalar a liderança do Snapchat no setor: hoje, o app líder está em 16,8% dos celulares e o Poke em apenas 0,9% (dados do Onavo Insights).
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A briga agora não é muito mais confortável. Como relatou o Techcrunch, quando iniciaram os rumores de que o Instagram teria uma feature de video sharing, nenhum dos apps para compartilhamento de vídeos detiam uma grande fatia do mercado: 2.66% para o Vine, 1.07% para o Cinemagram, 0.50% para o SocialCam e 0.31% for Viddy (dados de fevereiro). Mas em Maio, o Vine já tinha 10% de market share nos EUA.
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Curiosamente, os mesmos 10% que eu pedi para você gravar: número do Snapchat na época do lançamento do Poke. Será que Zuck conseguirá reverter? A aposta (mais uma vez) é na grande de base de usuários do Instagram.
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Os primeiros resultados
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A aceitação inicial do recurso de vídeo do Instagram foi muito boa. Os reviews de blogueiros do mundo inteiro, em geral, são positivos. O Vine passa a ser visto por alguns como um app inacabado, pois recursos básicos encontrados no Instagram, como uma simples edição de legenda, não existem no Vine. A possibilidade do Instagram de colocar filtros nos vídeos também foi bastante elogiada.
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Olhando para os números do Instagram, os resultados também foram interessantes. No dia do lançamento, mais de 5 milhões de vídeos foram publicados na rede social. A nova feature do Instagram parece estar surtido o efeito desejado. De acordo com a ferramenta de análise de tweets, o Topsy, os links do Instagram voltaram a aparecer em maior número no Twitter. Provavelmente, muitos usuários do Vine foram testar a nova ferramenta. Veja o gráfico:
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Ainda é cedo para dizer quem sairá vencedor dessa batalha. Eu ainda torço pelo Vine, pois acho que o formato de vídeo de 6 segundos em loop é mais interessante que o modelo do Instagram. A restrição de tempo parece funcionar como um catalisador para a criatividade. E, por incrível que pareça, nos 6 segundos dá para registrar muita coisa! Por outro lado, não há como ir contra os números: o Instagram chega impondo respeito no ringue. Vamos ver como as marcas que já anunciam na TV vão se apropriar dos 15 segundos do Insta.
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.E você, digaí nos comentários em quem você aposta nessa briga: Vine ou Instagram? 🙂
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