Conseguir um vaga de emprego super concorrida, em uma das maiores e mais poderosas empresas de tecnologia do mundo, cujos produtos você usa e é apaixonada pela cultura seria uma notícia e tanto, não é? O problema é quando a realidade não é tão bonita quanto o sonho… E isso pode trazer enormes consequências.

 

Essa é a notícia que dá início a obra de ficção ou não de Dave Eggers, O círculo. E nesse post você vai entender o que esse livro tem a ver com o fim da a sua privacidade na internet.

 

via GIPHY

 

 

O início de tudo

 

Mae Holland não conseguia acreditar no que lhe acontecera. Tinha terminado a faculdade recentemente e acabara de conquistar um emprego em uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, que concentrava os principais serviços de internet – e-mail, redes sociais, operações bancárias e sistemas de compra –  e com esses recursos criava uma identidade virtual única para cada usuário.

 

A empresa é um enorme complexo situado na Califórnia. Dentro dele não haviam apenas prédios e escritórios, havia muito mais! Quadra de esportes, alojamento, academia, piscina, espaço de teatro, restaurantes e até um bar, por que não? Seus prédios e escritórios com arquitetura moderna, feitos de vidro e nomeados a partir de épocas históricas,  são parte  das características e filosofia de O Círculo. Seus membros – como seus colaboradores são chamados – estão sempre exaltando o quão maravilhoso é ser parte da empresa.

 

Realmente, conseguir essa vaga em O Círculo parecia um sonho. E esse sonho se tornou possível graças à sua amiga Annie, com quem dividiu o alojamento da faculdade. Annie era diretora de Garantia do Futuro na empresa e membro da gang dos 4o – as 40 pessoas mais influentes da empresa, e, mesmo que Mae suspeitasse disso, Annie jurou não ter mexido seus pauzinhos para que ela fosse contratada. E foi a Annie que a apresentou todo o complexo da empresa – incluindo alguns dos seus projetos, como o TruYou – o sistema operacional que reunia perfis dos usuários em redes sociais, sistemas de pagamento, senhas, contas de e-mail, além de suas preferências e interesses. o TruYou era uma revolução na forma como as pessoas acessam suas contas – em um único login, sem fakes e fraudes.

 

Antes que seu trabalho de fato começasse, Mae foi lembrada do princípio que ela não poderia esquecer: O Círculo prezava muito pelo lado humano da organização, a comunidade vinha em primeiro lugar.

 

Como qualquer novo funcionário, Mae recebeu um celular e um tablet, que rapidamente receberam todas as informações – fotos, músicas, contatos… – do seu celular antigo e de seu computador ( que foram “gravadas” na nuvem da empresa). Ela começaria sua carreira no setor de experiência ao cliente e logo entendeu que não era um simples atendimento (se é que existe isso de simples atendimento, né?). Cada clientes que ela atendesse dava uma nota para o atendimento – de 1 a 100. Sua meta era que sua nota geral não ficasse abaixo de 95.

 

 

1 tela…2 telas…3 telas… Manda mais tela que tá pouco!

 

Além da tela normal de atendimento ao cliente, ela tinha uma segunda tela para comunicação interna da empresa – como uma rede social interna. Com o passar do tempo, Mae foi adquirindo mais e mais telas ao seu trabalho. E junto com essas telas, mais informações e mais responsabilidade – mas também mais ela crescia na empresa.

 

Mae também ganhou um monitor de saúde – uma pulseira que ela usava e enviava dados de sua saúde diretamente para os servidores da empresa, prevendo assim possíveis doenças e até uma indesejada gravidez (já que seu período fértil era monitorado). Facilita o trabalho do médico e até o nosso, não é?

 

via GIPHY

 

 

Olhos por todo lado

 

Logo Mae conheceu outro projeto de O Círculo, as câmeras SeeChange. Esse projeto consiste em milhares de micro câmeras espalhadas por todo mundo em que qualquer pessoa com conexão à internet. Essas câmeras foram instaladas em grandes cidades, pontos turísticos famosos, estradas e até, porque não, no mar. Os criadores do projeto defenderam que essas câmeras serão de grande ajuda ao combate de violência e crimes em todo o mundo, pois as pessoas pensariam 2x antes de infringir a lei quando soubessem que estavam sendo observados.

 

O SeeChange reforçava a filosofia da empresa: a transparência das informações. Afinal, se você precisa esconder algo que está fazendo é porque está fazendo algo de errado, certo? É o que eles acreditam…

 

via GIPHY

 

 

Quando a coisa fica começa a ficar assustadora

 

A partir daí as coisas com Mae começam a acontecer mais rápido. Ela começa a cada dia entrar no clima e na filosofia de O Círculo e, com isso, passa a compartilhar mais e mais da sua vida com seus companheiros de empresa e seguidores das redes sociais.
Mas, quando o compartilhamento vira superexposição?  Quando isso tudo começa a afetá-la? A coisa fica mais complicada quando o novo estilo transparente compartilhador da Mae afeta as pessoas ao seu redor – família, amigos, companheiros de trabalho… E você começa a se questionar se isso tudo vale a pena mesmo.

 

Não vou dar spoiler e estragar os detalhes da história, mas te digo, você PRECISA ler esse livro.

 

 

Por que esse livro é importante para quem trabalha com internet?

 

O Círculo é livro essencial para qualquer pessoa que trabalhe com internet – seja você profissional, empresário, empreendedor ou estudioso/ curioso. O maior legado do livro é a reflexão que ele traz sobre compartilhamento de dados e privacidade online. Até onde você sabe que informações está compartilhando? Se eu estou compartilhando algo que não sei, para onde essas informações estão indo? Será que isso pode me prejudicar num futuro bem próximo?

 

E principalmente, quanto tempo temos até que cheguemos a esse ponto – até que o círculo se feche?

 

Quero te convidar à reflexão sobre compartilhamento de informações e privacidade na internet.

Conta aí: Você já leu o livro? Lê e vem conversar sobre ele! Garanto que não vai se arrepender 😉

Posts Relacionados